Ontem decorreu o
debate parlamentar sobre o estado da Nação e, como é natural, a troca de
argumentos foi viva, mas não convenceu ninguém. O debate com aqueles
protagonistas não esclareceu e pouco serviu para avaliar o estado da Nação. Foi
um verdadeiro comício parlamentar ou mesmo um comício eleitoral. Como o jornal Público
escreveu, foi um debate entre “o país pobre e o país que cresce”, isto é, por
um lado aqueles que criticam a excessiva austeridade que nos afectou e a nossa
subserviência perante a troika, com
graves consequências na pobreza, no desemprego e numa dívida pública que é a
terceira mais alta da União Europeia e, por outro, aqueles que afirmam ter
feito o melhor para o país, que seguiram a estratégia acertada, que não
falharam e que vão levar agora o país para um ciclo de crescimento e
prosperidade.
Independentemente da opinião de cada um, a situação portuguesa é
muito complexa. O governo vive de um auto-elogio ridículo e com a mentira a
tornar-se um factor de acção política e um instrumento de propaganda, mas a
esquecer-se que as novas tecnologias são hoje um verdadeiro detector de
mentiras. A nação vive um estado de enorme degradação da vida económica e
social que as estatísticas não mostram claramente, com a pobreza a aumentar,
sem investimento produtivo, sem criação de emprego e, sobretudo, sem esperança no futuro.
As estruturas do Estado estão depauperadas e foram desprestigiadas pelo poder
político que não foi capaz de fazer a sua necessária reforma. É sabido que as
coisas não vão bem na Educação, na Justiça, nas Forças Armadas, nas Polícias,
na Economia, na Diplomacia e, ao contrário do que nos foi dito, os nossos
cofres não estão cheios e a nossa dívida continua a subir, com encargos
absolutamente insuportáveis e insustentáveis.
A Grécia esteve
presente no debate e a maioria insiste no discurso da intolerância e da
inflexibilidade, indiferente à tragédia que se abateu sobre a sociedade grega devido à ganância da especulação financeira, sem cuidar de nos prevenir de um eventual efeito boomerang que, amanhã, se pode virar
contra nós.
Em síntese, o
governo faz o seu auto-elogio, distorce estatísticas, utiliza mentiras, diz meias verdades e faz
propaganda, mas desconhece o verdadeiro estado da Nação.