sexta-feira, 10 de julho de 2015

O “comício eleitoral” do estado da Nação

Ontem  decorreu o debate parlamentar sobre o estado da Nação e, como é natural, a troca de argumentos foi viva, mas não convenceu ninguém. O debate com aqueles protagonistas não esclareceu e pouco serviu para avaliar o estado da Nação. Foi um verdadeiro comício parlamentar ou mesmo um comício eleitoral. Como o jornal Público escreveu, foi um debate entre “o país pobre e o país que cresce”, isto é, por um lado aqueles que criticam a excessiva austeridade que nos afectou e a nossa subserviência perante a troika, com graves consequências na pobreza, no desemprego e numa dívida pública que é a terceira mais alta da União Europeia e, por outro, aqueles que afirmam ter feito o melhor para o país, que seguiram a estratégia acertada, que não falharam e que vão levar agora o país para um ciclo de crescimento e prosperidade.
Independentemente da opinião de cada um, a situação portuguesa é muito complexa. O governo vive de um auto-elogio ridículo e com a mentira a tornar-se um factor de acção política e um instrumento de propaganda, mas a esquecer-se que as novas tecnologias são hoje um verdadeiro detector de mentiras. A nação vive um estado de enorme degradação da vida económica e social que as estatísticas não mostram claramente, com a pobreza a aumentar, sem investimento produtivo, sem criação de emprego e, sobretudo, sem esperança no futuro. As estruturas do Estado estão depauperadas e foram desprestigiadas pelo poder político que não foi capaz de fazer a sua necessária reforma. É sabido que as coisas não vão bem na Educação, na Justiça, nas Forças Armadas, nas Polícias, na Economia, na Diplomacia e, ao contrário do que nos foi dito, os nossos cofres não estão cheios e a nossa dívida continua a subir, com encargos absolutamente insuportáveis e insustentáveis.
A Grécia esteve presente no debate e a maioria insiste no discurso da intolerância e da inflexibilidade, indiferente à tragédia que se abateu sobre a sociedade grega devido à ganância da especulação financeira, sem cuidar de nos prevenir de um eventual efeito boomerang que, amanhã, se pode virar contra nós.
Em síntese, o governo faz o seu auto-elogio, distorce estatísticas, utiliza mentiras, diz meias verdades e faz propaganda, mas desconhece o verdadeiro estado da Nação.