O assunto não é
novo, mas só de vez em quando aparece nos jornais: os partidos que estão no
governo mantém a prática, já denunciada desde há muitos anos, de criar uma
administração paralela de assessores, consultores e outros amigos, para além de
fazerem nomeações partidárias para os cargos de topo da Administração Pública,
comportando-se como verdadeiras agências de emprego para boys e girls.
Tem sido um
espectáculo lamentável e ridículo que, ao longo dos anos, nos tem permitido
assistir ao aparecimento de muitos dirigentes públicos medíocres e incapazes,
sem qualquer qualificação nem idoneidade, além de muitas vezes serem uns
serventuários do poder que se comportam como uns verdadeiros lambe-botas. A
partir de certa altura foram estabelecidos concursos destinados à escolha dos
dirigentes da Administração Pública, para despartidarizar e dar transparência
às nomeações. Porém, o Jornal de Negócios a propósito das
nomeações para os centros distritais da Segurança Social, revela hoje que “PSD
e CDS ocupam todos os lugares na Segurança Social”. De facto, segundo noticia
aquele jornal, o governo já fez 14 das 18 nomeações, sendo 11 dirigentes com
ligações ao PSD e três com ligações ao CDS.
Por ter contornos
tão escandalosos, o assunto chegou ao Parlamento onde esteve o presidente da
Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública (CRESAP) que,
apesar de ter assegurado que escolhe os melhores, não teve resposta para o
facto de “100% dos escolhidos serem do PSD e do CDS, como antes eram do PS”.
Significa que
está tudo na mesma e que, quanto a transparência, até piorou. Há tempos, o Diário de Notícias (edição de 6-12-2012)
informava que “Boys de Portas e Passos dominam a Segurança Social”. Hoje,
mais de dois anos depois, aquele jornal bem pode continuar a escrever o mesmo título.
Com este sistema
viciado, em que uma parte da sociedade que está enfeudada aos partidos
políticos se apropria da máquina do Estado, todos perdemos. A Democracia sai enfraquecida e não há forma de
ultrapassarmos as injustiças, a desigualdade e o nosso crónico atraso económico
e social.