Perante
a dramática situação que se vive em Alepo, na passada terça-feira dia 13, ao
fim da tarde, a Rússia que é o principal aliado de Bashar al-Assad, e a Turquia
que é o principal suporte da oposição síria, chegaram a um acordo: os rebeldes sitiados
em Alepo aceitavam retirar da cidade e ficava estabelecido um corredor
humanitário para a sua evacuação. A partir das cinco horas da manhã de
quarta-feira dia 14, haveria autocarros governamentais para transportar os
feridos, os civis e, depois, os combatentes rebeldes, com destino à província
de Idlib, a oeste da cidade, que é controlada pela oposição ao regime sírio.
Nessa
noite, os jornais de todo o mundo começaram a anunciar o cessar-fogo, o fim da
batalha de Alepo e a vitória de Putin e Bashar al-Assad. Porém, às primeiras
horas do dia, os bombardeamentos e os confrontos recomeçaram e os autocarros
não saíram dos seus locais de espera. A evacuação foi cancelada e o desespero
tomou conta da população, que apela ao mundo para que não esqueça a tragédia
que se abateu sobre a cidade. Cada um dos vários grupos armados acusa o outro
de ter rompido o acordo e de ter iniciado o bombardeamento. De um lado e do
outro há vários grupos e várias alianças, provavelmente sem um comando único,
tendo cada um deles interpretado à sua maneira o acordo entre Putin e Erdogan. Segundo
as notícias, os mais resistentes ao acordo terão sido o influente grupo rebelde
Noureddine AL-Zinki e as milícias iranianas aliadas do regime sírio.
A
propaganda domina, até nas fotografias publicadas pela imprensa, umas com os
tanques vitoriosos do regime sírio e outras mostrando o drama das populações. Os
destaques noticiosos tanto vão para a “descoberta pelo exército sírio de câmaras
de tortura rebeldes”, como para “as mulheres que se suicidam para fugir às
violações do exército sírio”. Como sempre acontece nestas situações, não há
bons nem maus. São todos maus. No entanto, é importante que não se esqueça, como faz hoje o Libération,
porque é que tudo isto está a acontecer e quem são os principais responsáveis
pela tragédia que se abateu sobre Alepo, mas também sobre a Síria, o Iraque, a
Líbia, o Iémen e outros países da região. Como foi possível terem deixado as coisas chegar a este ponto?