Faleceu em Goa, na sua casa de Loutolim, uma das mais importantes personalidades da cultura goesa e, provavelmente, o goês mais conhecido no mundo: Mário João Carlos do Rosário de Brito Miranda ou Mário Miranda ou, apenas, Mário, como ficou conhecido artisticamente.
Mário Miranda nasceu em Damão no ano de 1926, mas pouco tempo depois a sua família instalou-se em Goa, onde foi educado nos parâmetros da cultura portuguesa e onde, desde muito cedo, revelou uma enorme criatividade artística. Em 1959 visitou Lisboa onde a Fundação Gulbenkian lhe atribuíu uma bolsa de formação artística que lhe abriu novos horizontes e o projectou para uma carreira internacional, através da apresentação da sua obra em diversas cidades indianas e em mais de duas dezenas de países.
Em três ocasiões realizou exposições em Lisboa: em 1986 na Galeria Almada Negreiros, em 1987 na Fundação Calouste Gulbenkian e em 2001 na Sociedade Nacional de Belas Artes, a convite da Fundação Oriente.
Mário Miranda era um homem bom e generoso, que nunca abdicou do uso da língua portuguesa, nem dos referenciais da nossa cultura. Não era um português de passaporte, mas era português de coração. Na sua casa de Loutolim havia sempre lugar para os amigos que o visitavam e, em especial, para os portugueses. Tive o privilégio de ser um deles.
O desaparecimento de Mário Miranda, que era comendador da Ordem do Infante D. Henrique, é uma enorme perda para a cultura goesa, mas também é um triste acontecimento para o espaço cultural português que continua a existir em Goa.