Nicolas Sarkozy e David Cameron deslocaram-se à Líbia e foram recebidos como heróis em Tripoli e Benghazi. Antes tinham mandado os seus aviões e as suas bombas para “proteger os civis”, agora quiseram ser os primeiros a pisar solo líbio para assegurar o seu apoio à reconstrução daquilo que destruíram e, como esperavam, puderam claramente ouvir o principal responsável do CNT dizer:
“Nós temos o petróleo, vocês têm o conhecimento e as empresas”.
Em 1812 Napoleão tinha entrado na cidade abandonada de Moscovo a cavalo.
Em 1940 Hitler entrou em Paris, deslocando-se numa viatura descapotável.
Em 1959 Fidel de Castro entrou em Havana em cima de uma velha camioneta.
Agora, Cameron aterrou poucos minutos antes do A 330 presidencial francês. Esqueceram-se de levar consigo o senhor Rasmussen, o dinamarquês secretário-geral da NATO, mas não era necessário… Ele foi apenas um actor secundário desta conquista. Os novos conquistadores são eles. Em tempo de eurobonds, eles são os euro-valentões!
Da nossa parte já houve movimentos no sentido de haver uma participação portuguesa na reconstrução da destruída Líbia. Porém, uma sondagem internacional – a Transatlantic Trends 2011 – que agora foi divulgada, mostra que 77 por cento dos portugueses se opôs ao apoio militar concedido aos rebeldes líbios que têm combatido a liderança de Muammar Kadhafi, a mais alta percentagem entre todos os países inquiridos. Fomos fundadores e participantes activos da NATO, mas esta intervenção não se enquadrou nos desígnios de uma organização que é defensiva. Porém, Sarkozy e de Cameron não tiveram escrúpulos em "vestir a farda" da NATO para levar por diante a sua campanha pelo petróleo.
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Os euro-valentões
Portugal a mandar na Europa?
Para quem gosta de futebol, os jogos da Liga dos Campeões e da Liga Europa disputados esta semana, proporcionaram grandes alegrias devido aos bons resultados das equipas portuguesas – F.C. Porto (2-1), S.L. Benfica (1-1), Sporting C.P. (2-0) e S.C. Braga (3-1).
Entusiasmado, o jornal A Bola apressou-se a titular “Portugal manda na Europa”.
Os títulos dos jornais costumam ter algum exagero, mas este ultrapassou o bom senso. Soltei uma gargalhada. Na actual situação económico-financeira do país e, exactamente no mesmo dia em que foi conhecido um buraco de mais de mil milhões de euros na Madeira, este título é desproporcionado, despropositado e demasiado ridículo. É uma enormidade jornalística. É ofensivo da inteligência dos leitorees. É uma mentira.
De facto, feita uma análise das quatro equipas portuguesas que participam nas competições europeias, verifica-se que têm mais jogadores brasileiros do que portugueses. Conjuntamente estas equipas têm 106 jogadores, dos quais apenas 24,5% são portugueses. Dos 56 jogadores utilizados nestes quatro jogos apenas 11 (19,2%) eram portugueses. Dos 8 golos marcados apenas dois foram marcados por jogadores portugueses (25%).
A Bola prestou grandes serviços à língua portuguesa quando era o único jornal em português que chegava a quase todo o mundo, mas tem-se vulgarizado. Agora, uma “avaliação da Moody’s” cortar-lhe-ia o rating. Nem no jornalismo desportivo vale tudo.
Entusiasmado, o jornal A Bola apressou-se a titular “Portugal manda na Europa”.
Os títulos dos jornais costumam ter algum exagero, mas este ultrapassou o bom senso. Soltei uma gargalhada. Na actual situação económico-financeira do país e, exactamente no mesmo dia em que foi conhecido um buraco de mais de mil milhões de euros na Madeira, este título é desproporcionado, despropositado e demasiado ridículo. É uma enormidade jornalística. É ofensivo da inteligência dos leitorees. É uma mentira.
De facto, feita uma análise das quatro equipas portuguesas que participam nas competições europeias, verifica-se que têm mais jogadores brasileiros do que portugueses. Conjuntamente estas equipas têm 106 jogadores, dos quais apenas 24,5% são portugueses. Dos 56 jogadores utilizados nestes quatro jogos apenas 11 (19,2%) eram portugueses. Dos 8 golos marcados apenas dois foram marcados por jogadores portugueses (25%).
A Bola prestou grandes serviços à língua portuguesa quando era o único jornal em português que chegava a quase todo o mundo, mas tem-se vulgarizado. Agora, uma “avaliação da Moody’s” cortar-lhe-ia o rating. Nem no jornalismo desportivo vale tudo.
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