segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Como o narcotráfico atravessa o Atlântico

Foi apresado ontem na costa galega, a poucas milhas da fronteira portuguesa, um submarino mais ou menos artesanal que transportava mais de três toneladas de cocaína, avaliadas em cerca de cem milhões de euros. Ainda há poucas notícias consistentes sobre o assunto, mas segundo revela La Voz de Galicia parece que o submarino encalhou numa praia do município de Cangas do Morrazo, na província de Pontevedra, devido ao mau tempo, à falta de combustível ou por outras razões ainda por esclarecer. Embora a actividade deste tipo de submarinos fosse conhecida, sobretudo pelo narcotráfico que fazem entre a Colômbia e o México, foi a primeira vez que um narcosubmarino foi apresado na Europa, como resultado da troca de informações e de uma operação em que intervieram diversas agências internacionais. A investigação está em curso mas a imprensa espanhola já revelou que o submarino tem 22 metros de comprimento, teria sido construído na Guyana, seria proveniente da Colômbia e na sua travessia atlântica teria feito escala em Cabo Verde. Depois aproximou-se da costa portuguesa, seguindo depois para a costa galega, tendo supostamente percorrido 7.690 quilómetros. Os  seus três tripulantes abandonaram  o submarino, mas dois deles de origem equatoriana foram capturados, enquanto o terceiro, provavelmente galego, logrou escapar à polícia. Esta captura constitui um acontecimento importante na luta contra o narcotráfico, mas só as investigações irão esclarecer o que de facto aconteceu com o narcosubmarino, porque é mínima a probabilidade dessa travessia atlântica ter sido feita sem o apoio de um ou mais navios. Porém, se se vier a apurar que aquela maquineta navegou como navio solto e sem apoio, eventualmente submersa, estaríamos perante um acontecimento náutico comparável às viagens de Cristóvão Colombo do século XV.