A edição de ontem
do jornal Público dedicou quatro páginas a Fernão de Magalhães, o
navegador português que há 500 anos largou de Sanlúcar de Barrameda com 5
navios e 234 homens para navegar por ocidente até às Molucas. Numa altura em
que a hegemonia náutica mundial pertencia aos portugueses, o navegador Fernão
de Magalhães foi oferecer os seus serviços ao rei de Espanha para demonstrar
que, nos termos do Tratado de Tordesilhas, as Molucas pertenciam a Espanha.
Foi, objectivamente, um traidor ou um mercenário. Depois de ter descoberto a
passagem do Atlântico para o Pacífico e ter atravessado esse oceano, veio a ser
morto numa escaramuça numa ilha das Filipinas. Naquela situação desesperada,
foi o basco Juan Sebastián Elcano que assumiu o comando da expedição e que
decidiu regressar a Espanha pela rota dos portugueses, isto é, pelo cabo da Boa
Esperança. Assim, sem que essa fosse a intenção inicial da sua missão, a nau Victoria acabou por fazer a
circumnavegação da Terra, tendo regressado a Espanha em 1522.
O jornal Público
decidiu tratar o assunto. Embora o jornal continue a não satisfazer totalmente
as minhas necessidades informativas, reconheço que é o quotidiano português que
mais procura divulgar temas de menor interesse geral, como sejam a Ciência, a Tecnologia
e a Cultura e, neste caso, a História. Naturalmente que aplaudo esta linha
editorial que foge ao sensacionalismo que não distingue notícia de opinião, que
condena sem julgamento e que abre as suas páginas a comentadores de
vão-de-escada. Por isso, aqui aplaudo o jornal por contribuir para a divulgação
desta efeméride que é ibérica e que, como tal, deverá ser estudada e evocada
neste seu 500º aniversário.