terça-feira, 5 de março de 2019

Uma celebração ibérica para Magalhães

A edição de ontem do jornal Público dedicou quatro páginas a Fernão de Magalhães, o navegador português que há 500 anos largou de Sanlúcar de Barrameda com 5 navios e 234 homens para navegar por ocidente até às Molucas. Numa altura em que a hegemonia náutica mundial pertencia aos portugueses, o navegador Fernão de Magalhães foi oferecer os seus serviços ao rei de Espanha para demonstrar que, nos termos do Tratado de Tordesilhas, as Molucas pertenciam a Espanha. Foi, objectivamente, um traidor ou um mercenário. Depois de ter descoberto a passagem do Atlântico para o Pacífico e ter atravessado esse oceano, veio a ser morto numa escaramuça numa ilha das Filipinas. Naquela situação desesperada, foi o basco Juan Sebastián Elcano que assumiu o comando da expedição e que decidiu regressar a Espanha pela rota dos portugueses, isto é, pelo cabo da Boa Esperança. Assim, sem que essa fosse a intenção inicial da sua missão, a nau Victoria acabou por fazer a circumnavegação da Terra, tendo regressado a Espanha em 1522.
O jornal Público decidiu tratar o assunto. Embora o jornal continue a não satisfazer totalmente as minhas necessidades informativas, reconheço que é o quotidiano português que mais procura divulgar temas de menor interesse geral, como sejam a Ciência, a Tecnologia e a Cultura e, neste caso, a História. Naturalmente que aplaudo esta linha editorial que foge ao sensacionalismo que não distingue notícia de opinião, que condena sem julgamento e que abre as suas páginas a comentadores de vão-de-escada. Por isso, aqui aplaudo o jornal por contribuir para a divulgação desta efeméride que é ibérica e que, como tal, deverá ser estudada e evocada neste seu 500º aniversário.

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