Depois de dois
longos processos, um de saída ou não saída da União Europeia e, outro, de saída com ou sem
acordo, a política britânica ficou desacreditada e o orgulhoso Reino Unido tornou-se numa coisa que envergonharia a Rainha Victoria. No seu episódio mais recente,
o deputado Boris Johnson sucedeu a Theresa May na liderança do Partido
Conservador e na chefia do governo do Reino Unido.
Theresa May foi um erro de casting ou um paradoxo político porque
durante a campanha do referendo tinha defendido a permanência do Reino Unido na
União Europeia e, depois, quando ocupou o nº 10 de Downing Street aceitou o
resultado do referendo, isto é, antes esteve contra o Brexit, mas depois apoiou e
negociou com Bruxelas esse mesmo Brexit.
Em Março de 2017
coube-lhe a missão de accionar o artigo 50 do tratado da União Europeia e de conduzir
as negociações para o Brexit. O acordo alcançado com Bruxelas foi derrotado no
Parlamento Britânico em Janeiro de 2019 e um acordo revisto foi também
derrotado mais tarde, pelo que Theresa May se demitiu em Maio de 2019.
A saída de
Theresa May e a entrada de Boris Johnson aumenta a incerteza quanto ao futuro
e, aparentemente, as coisas que estavam a correr mal vão correr pior, não só
pelo radical-populismo de Johnson e o seu persistente apoio ao Brexit, mas
também por ser uma figura polémica e extravagante. De resto, tratou imediatamente
de afastar do governo metade dos ministros de Theresa May e rodeou-se de
convictos apoiantes do Brexit. Porém, de Bruxelas veio o aviso de Jean-Claude
Juncker de que o acordo de saída não é renegociável, enquanto de Edimburgo
falou Nicola Sturgeon a reclamar com vigor por um novo referendo sobre a
independência da Escócia e a declarar Johnson como “o último
primeiro-ministro do Reino Unido”.
Na sua última edição a revista The Economist colocou Boris Johnson a entrar numa montanha-russa, uma atracção popular dos parques de diversão urbanos em que há saltos, quedas e loopings imprevistos, com tudo muito confuso, muito incerto e sem que se saiba como tudo chega ao fim.
Na sua última edição a revista The Economist colocou Boris Johnson a entrar numa montanha-russa, uma atracção popular dos parques de diversão urbanos em que há saltos, quedas e loopings imprevistos, com tudo muito confuso, muito incerto e sem que se saiba como tudo chega ao fim.
Poucas vezes uma imagem foi tão expressiva daquilo que espera os britânicos nos
próximos tempos: here we go!