sexta-feira, 26 de julho de 2019

Uma imagem vale mais que mil palavras!

Depois de dois longos processos, um de saída ou não saída da União Europeia e, outro, de saída com ou sem acordo, a política britânica ficou desacreditada e o orgulhoso Reino Unido tornou-se numa coisa que envergonharia a Rainha Victoria. No seu episódio mais recente, o deputado Boris Johnson sucedeu a Theresa May na liderança do Partido Conservador e na chefia do governo do Reino Unido.
Theresa May foi um erro de casting ou um paradoxo político porque durante a campanha do referendo tinha defendido a permanência do Reino Unido na União Europeia e, depois, quando ocupou o nº 10 de Downing Street aceitou o resultado do referendo, isto é, antes esteve contra o Brexit, mas depois apoiou e negociou com Bruxelas esse mesmo Brexit.
Em Março de 2017 coube-lhe a missão de accionar o artigo 50 do tratado da União Europeia e de conduzir as negociações para o Brexit. O acordo alcançado com Bruxelas foi derrotado no Parlamento Britânico em Janeiro de 2019 e um acordo revisto foi também derrotado mais tarde, pelo que Theresa May se demitiu em Maio de 2019.
A saída de Theresa May e a entrada de Boris Johnson aumenta a incerteza quanto ao futuro e, aparentemente, as coisas que estavam a correr mal vão correr pior, não só pelo radical-populismo de Johnson e o seu persistente apoio ao Brexit, mas também por ser uma figura polémica e extravagante. De resto, tratou imediatamente de afastar do governo metade dos ministros de Theresa May e rodeou-se de convictos apoiantes do Brexit. Porém, de Bruxelas veio o aviso de Jean-Claude Juncker de que o acordo de saída não é renegociável, enquanto de Edimburgo falou Nicola Sturgeon a reclamar com vigor por um novo referendo sobre a independência da Escócia e a declarar Johnson como “o último primeiro-ministro do Reino Unido”.
Na sua última edição a revista The Economist colocou Boris Johnson a entrar numa montanha-russa, uma atracção popular dos parques de diversão urbanos em que há saltos, quedas e loopings imprevistos, com tudo muito confuso, muito incerto e sem que se saiba como tudo chega ao fim.
Poucas vezes uma imagem foi tão expressiva daquilo que espera os britânicos nos próximos tempos: here we go!

As alterações climáticas afectam a Europa

Já ninguém duvida de que as alterações climáticas se tornaram num dos grandes problemas da Humanidade, até porque os seus efeitos afectam cada vez mais a vida quotidiana das pessoas, como nas últimas semanas se está a verificar no centro da Europa. Já não são as imagens distantes do degelo nas regiões polares, nem a perda de caudais dos rios ou a secura de lagos, nem a desertificação de extensos territórios. Agora é o calor extremo em regiões ditas temperadas, como são classificadas as regiões europeias.
Depois da onda de calor que afectou a Europa no mês passado, que foi considerado o mês de Junho mais quente já registado no mundo, uma nova onda de calor resultante de uma massa de ar quente vinda do deserto do Sahara está nesta semana a sufocar alguns países europeus, nomeadamente a França, a Alemanha, a Bélgica, a Holanda, a Inglaterra e a Espanha, com temperaturas da ordem dos 40ºC. A cidade de Paris registou ontem 42,6ºC, uma temperatura que ultrapassa o máximo de 40,4ºC que fora registado no dia 28 de Julho de 1947 e, na Bélgica, as temperaturas atingiram um recorde histórico pois os termómetros marcaram 40,2ºC em Liége, a mais alta temperatura que foi observada no país desde 1833! Da mesma forma, na Holanda e na Alemanha também foram atingidas temperaturas máximas nunca antes verificadas e que constituem recordes históricos.
Os diferentes serviços meteorológicos nacionais e as autoridadesa locais têm avisado as populações afectadas que, conforme nos mostram as imagens televisivas, correm para as piscinas e para as fontes, para as sombras dos jardins ou para os estabelecimentos comerciais com ar condicionado.
Agora já não há dúvidas: as alterações climáticas são mesmo para levar a sério.