terça-feira, 29 de janeiro de 2019

A tragédia da barragem do Brumadinho

A notícia da ruptura da barragem do Brumadinho, situada a cerca de 50 quilómetros da cidade de Belo Horizonte, que aconteceu na manhã do dia 25 de Janeiro, não causou inicialmente grande impacto no exterior, até porque essas coisas acontecem de vez em quando, inclusive no Brasil onde há três anos ocorreu um caso semelhante em Mariana, também no Estado de Minas Gerais.
Porém, quando as imagens e os números de mortos e desaparecidos em consequência daquele desastre começaram a ser divulgados, todos ficamos elucidados quanto à enorme dimensão da tragédia.
barragem Mina do Feijão, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, acumulava as lamas tóxicas resultantes da limpeza do minério de ferro e a sua ruptura não só provocou mais um desastre ambiental como, sobretudo, originou uma catástrofe humana que ainda não foi possível quantificar. Estão já confirmados 65 mortos, mas há ainda 279 pessoas desaparecidas, provavelmente soterrados afundados pelas lamas, por onde os bombeiros e os voluntários procuram agora encontrar os desaparecidos. A imprensa brasileira tem dado grande destaque a esta tragédia e o jornal Estado de Minas, que se publica em Belo Horizonte, elogia o trabalho dos bombeiros e dos voluntários, a quem classifica de heróis.
Entretanto, cinco pessoas foram detidas por suspeitas de responsabilidade pelo que aconteceu, incluindo três engenheiros da empresa responsável pela construção e segurança da barragem que é a Vale, S.A., uma multinacional brasileira que é uma das maiores empresas mineiras do mundo e que é a maior produtora mundial de minério de ferro. A lógica da maximização do lucro e a negligência das autoridades é que dão origem a estas catástrofes em Mariana, em Brumadinho ou em Borba.

A crise do Brexit e a palavra da Rainha

Se tudo correr como está previsto, o Reino Unido deixará a União Europeia no próximo dia 29 de Março, isto é, daqui a 60 dias. Porém, a confusão é total, ninguém se entende e já está consolidada a ideia que haverá um adiamento da saída. O plano de Theresa May para o Brexit foi derrotado pelo Parlamento no passado dia 15 de Janeiro, pelo que hoje será apresentado uma espécie de plano B em que já ninguém acredita, a não ser a própria Theresa May.
Nestas circunstâncias, os britânicos voltam a estar confrontados com a discussão em torno do leave ou do remain, havendo ainda os que defendem o soft Brexit e os que temem o hard Brexit. Depois há os inúmeros problemas regionais e sectoriais que estão por resolver, com destaque para a fronteira da Irlanda em que os unionistas e os republicanos da Irlanda do Norte ainda não se entenderam, mas também há a ameaça da Escócia de se divorciar do Reino Unido depois de 300 anos de casamento.
Nesta enorme confusão, a Rainha Isabel II tem mantido a sua tradicional postura de neutralidade em relação aos temas políticos, mas recentemente veio a público apelar discretamente para que os políticos britânicos se entendam e, sem mencionar o Brexit, a disse aos políticos para encontrarem “um caminho comum” e para que fossem respeitados os pontos de vista diferentes. Os analistas de imediato associaram as palavras da Rainha à crise do Brexit e à discussão que vai decorrer em torno do plano B.
O Daily Express foi um dos jornais que destacou as palavras da Rainha indirectamente dirigidas à classe política e que foram um contributo para a cura de uma Grã-Bretanha tão dividida.