Depois de um
longo processo de conversações, as últimas das quais realizadas em Lausana,
chegou-se a um entendimento de base que limita o programa nuclear iraniano em
troca do fim das sanções internacionais que têm vigorado, o qual foi subscrito
pelo Irão e pelo chamado grupo P5+1 (Estados Unidos, China, Rússia, Reino
Unido, França e Alemanha).
Hoje, a edição do
prestigiado e influente Le Monde chama-lhe um acordo
histórico, mas enquanto os iranianos comemoraram esta notícia com grandes
manifestações de júbilo nas ruas, o primeiro-ministro israelita Benjamin
Netanyahu considerou-o uma ameaça a Israel. Nos Estados Unidos há muita gente
que não ficou nada satisfeita, pelo que o Presidente Obama vai ter pela frente
a tarefa de convencer os seus opositores republicanos no Congresso.
Nos próximos três
meses serão discutidos os pormenores do acordo final que será assinado em
Junho, mas não é seguro que os acertos finais decorram sem problemas, sobretudo
nos Estados Unidos, apesar de estarem garantidas as principais exigências
americanas quanto à impossibilidade do Irão desenvolver armas nucleares e de
estar assegurada a aceitação de regulares verificações por inspectores
internacionais.
O Irão é um
inimigo tradicional de Israel e tem estado envolvido, directa ou
indirectamente, na complexa conflitualidade e na guerra que está em curso no
Iraque e na Síria, para além de estar empenhado na luta contra as forças do
Estado Islâmico. O Irão é uma peça muito importante na região e tem uma equação
com muitas variáveis para resolver, mas o passo que agora deu é muito promissor
no sentido de estabelecer uma relação de maior cooperação com os Estados Unidos
e, por essa via, contribuir para a resolução dos graves conflitos daquela
região.
(PS: A mesma edição do Le Monde destaca em primeira página o falecimento de Manoel de Oliveira).
(PS: A mesma edição do Le Monde destaca em primeira página o falecimento de Manoel de Oliveira).