terça-feira, 23 de novembro de 2021

A Síria, a guerra e a esperança no futuro

A guerra civil na Síria teve início em Janeiro de 2011 com protestos contra o governo sírio que surgiram na chamada Primavera árabe, mas que em Março evoluíram para uma revolta armada de grande violência. De um lado encontrava-se o governo de Bashar al-Assad e, do outro, a oposição síria, mas esta luta pelo poder fragmentou-se internamente com a divisão da oposição, com o aparecimento de grupos de natureza sectária e religiosa e com um crescente envolvimento de forças externas. Durante cerca de dez anos “meio mundo” envolveu-se na Síria, destacando-se o Irão, a Rússia e o Hezbollah libanês ao lado do governo sírio, enquanto do lado das várias oposições apareceram a Arábia Saudita e o Qatar, mas também os Estados Unidos, a França, o Reino Unido, a Turquia, Marrocos, a Líbia e outros mais. Muitas vezes se ignorou quem combatia quem e chegou-se ao paradoxo de haver forças que combatiam outras forças que, noutra área, eram suas aliadas. Não há memória de uma situação destas. O melhor exemplo deste paradoxo é o Curdistão, mas tem havido outros, sobretudo nas fronteiras sírio-turcas. No que respeita aos países ocidentais, verifica-se que não aprenderam com as suas intervenções no Iraque, na Líbia e no Afeganistão, deixaram de ser respeitadas e foram obrigadas a retirar-se.
Até agora o resultado do conflito traduziu-se em mais de 500.000 mortos, sete milhões de deslocados internos e cinco milhões de refugiados nos países limítrofes. Segundo muitos observadores, a guerra civil da Síria tem sido uma guerra mundial e foi preparada antecipadamente com o apoio dos mass-media internacionais, para servir interesses estrangeiros, tal como aconteceu para destruir alguns líderes árabes, como Sadam Hussein e Muammar Kadaffi.
Porém, no passado mês de Maio houve eleições e os sírios tiveram uma taxa de participação de 78% e reelegeram Bashar al-Assad, contra dois candidatos da oposição. Certamente terá sido uma farsa, mas foi um sinal e um princípio a caminho da paz e da normalidade democrática, embora adaptada à cultura política daquelas regiões político-religiosas.
Sabemos muito pouco do que se passa actualmente na Síria, mas a guerra ainda não acabou. Por isso, a notícia hoje publicada pelo Tehran Times em que se anuncia que o Irão e a Síria reforçaram os seus laços como nunca tinham feito antes, é mesmo intrigante ou mesmo uma grande incógnita, embora também possa significar mais esperança no futuro. Sabe-se lá...