A guerra civil na
Síria teve início em Janeiro de 2011 com protestos contra o governo sírio que
surgiram na chamada Primavera árabe, mas que em Março evoluíram para uma
revolta armada de grande violência. De um lado encontrava-se o governo de
Bashar al-Assad e, do outro, a oposição síria, mas esta luta pelo poder
fragmentou-se internamente com a divisão da oposição, com o aparecimento de
grupos de natureza sectária e religiosa e com um crescente envolvimento de
forças externas. Durante cerca de dez anos “meio mundo” envolveu-se na Síria,
destacando-se o Irão, a Rússia e o Hezbollah libanês ao lado do governo sírio,
enquanto do lado das várias oposições apareceram a Arábia Saudita e o Qatar,
mas também os Estados Unidos, a França, o Reino Unido, a Turquia, Marrocos, a
Líbia e outros mais. Muitas vezes se ignorou quem combatia quem e chegou-se ao
paradoxo de haver forças que combatiam outras forças que, noutra área, eram
suas aliadas. Não há memória de uma situação destas. O melhor exemplo deste paradoxo é o Curdistão, mas tem havido
outros, sobretudo nas fronteiras sírio-turcas. No que respeita aos países
ocidentais, verifica-se que não aprenderam com as suas intervenções no Iraque,
na Líbia e no Afeganistão, deixaram de ser respeitadas e foram obrigadas a
retirar-se.
Até agora o
resultado do conflito traduziu-se em mais de 500.000 mortos, sete milhões de deslocados
internos e cinco milhões de refugiados nos países limítrofes. Segundo muitos
observadores, a guerra civil da Síria tem sido uma guerra mundial e foi
preparada antecipadamente com o apoio dos mass-media
internacionais, para servir interesses estrangeiros, tal como aconteceu para
destruir alguns líderes árabes, como Sadam Hussein e Muammar Kadaffi.
Porém, no passado mês de Maio houve eleições e
os sírios tiveram uma taxa de participação de 78% e reelegeram Bashar al-Assad, contra dois candidatos da oposição. Certamente terá sido uma farsa, mas foi um
sinal e um princípio a caminho da paz e da normalidade democrática, embora adaptada à cultura política daquelas regiões político-religiosas.
Sabemos muito
pouco do que se passa actualmente na Síria, mas a guerra ainda não acabou. Por isso, a
notícia hoje publicada pelo Tehran Times em que se anuncia que o
Irão e a Síria reforçaram os seus laços como nunca tinham feito antes, é mesmo
intrigante ou mesmo uma grande incógnita, embora também possa significar mais
esperança no futuro. Sabe-se lá...
As bolas de cristal cada vez andam mais embaciadas, daí a dificuldade em arriscar o futuro dos grandes (e também dos pequenos) problemas da humanidade.
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