terça-feira, 29 de setembro de 2020

Reacende-se o conflito na Catalunha

Depois que, no dia 27 de Outubro de 2017, o Parlamento da Catalunha aprovou a Declaração de Independência da Catalunha e declarou a fundação da República Catalã, o governo espanhol demitiu Carles Puigdemont que presidia à Generalitat de Catalunya, com base no artigo 155º da Constituição espanhola de 1978. Em vez de enfrentar a Justiça, Puigdemont escolheu a fuga e o exílio na Bélgica e o ambiente político catalão serenou. Vieram depois as eleições legislativas de 21 de Dezembro de 2017 que deram a maioria absoluta aos partidos independentistas com 47,5% dos votos, enquanto os partidos unionistas tiveram 43,5%. Apesar do partido mais votado ter sido o Ciudadanos com 25,35% dos votos, o independentista Quim Torra veio a ser empossado como presidente da Generalitat com o apoio dos partidos independentistas (Juntos pela Catalunha, Esquerda Republicana e Candidatura de Unidade Popular). 
Tal como o seu antecessor, também Quim Torra optou por uma presidência de confronto com o estado espanhol e hostilidade à Monarquia, tendo decidido não cumprir as ordens da Junta Eleitoral da Catalunha para que fossem removidos os símbolos independentistas dos edifícios públicos da Generalitat, designadamente os laços amarelos que simbolizam o movimento independentista catalão. Esta Junta condenou Quim Torra a um ano e meio de inabilitação por desobediência, que veio agora a ser confirmada pelo Supremo Tribunal que considerou que Torra mostrou uma “contundente, reiterada, contumaz e obstinada” desobediência às ordens da Junta Eleitoral Central. Naturalmente, Quim Torra pode e irá recorrer desta decisão, mas o que este caso vem mostrar é que o conflito catalão apenas tem estado adormecido.

O elogio ao modelo de combate à crise

Ursula Von der Leyen, a alemã que preside à Comissão Europeia, chegou ontem a Lisboa para a sua primeira visita oficial a Portugal e, durante essa visita de dois dias, já visitou diversas instituições e, hoje, participará na reunião do Conselho de Estado, a convite do venerando Chefe do Estado. A presidente da Comissão Europeia parece gostar de Portugal e nos seus discursos, sobretudo no Parlamento Europeu, tem-se referido várias vezes a Portugal como um exemplo em vários domínios. Ontem, elogiou Portugal por ter mudado eficazmente o seu mix de energia para um modelo mais sustentável e por se ter tornado uma referência no mundo digital, sobretudo a cidade de Lisboa. Porém, o que mais impressionou nas suas declarações foi o elogio feito por Ursula Von der Leyen ao “modelo português de combate à crise”, como salienta hoje o Diário de Notícias. Certamente que essas palavras foram estimulantes para o governo e, sobretudo, para a Direcção-Geral da Saúde (DGS), que tanto tem sido criticada por alguns dos especialistas que a SIC alimenta, dos quais distingo o pequeno Marques Mendes e o ideólogo interesseiro José Júdice. O comentador Marques Mendes tem criticado o governo e a DGS por “facilitismo” e afirmou que a DGS “anda a correr atrás do prejuízo”, enquanto o comentador JJ tem recorrido a uma narrativa fantasiosa para criticar toda a acção, para ele errada da DGS, reclamando mesmo a demissão de Marta Temido e de Graça Freitas. Com os elogios de Ursula Von der Leyen à estratégia portuguesa de combate à pandemia, estes dois comentadores foram desmascarados. Não passam de uns vulgares panfletários. Não merecem aparecer nos nossos televisores. Será que Júdice vai agora exigir a demissão da presidente da Comissão Europeia? E será que Marques Mendes baixa a voz e abandona os seus ridículos tiques de comentador televisivo?