O irrevogável ministro Portas tem sido o porta-voz do governo para as
coisas positivas, como lembrou recentemente o comentador Marcelo e, quando
as notícias não são boas, ele trata de as embrulhar para parecerem outra coisa
e iludir o povo. Isso aconteceu mais uma vez na sexta-feira e, com meias
verdades e muitas omissões, procurou fazer passar uma mensagem mentirosa e nem
sequer aceitou ser interrogado pelos jornalistas, depois de anunciar a
conclusão da 11ª avaliação do programa de ajustamento. “Esta lebre está
corrida”, disse ele, acrescentando que a troika
considera que Portugal vive "um ambiente de crescimento económico bastante
mais forte" suportado pelo investimento e pelas exportações. Ora aí está um
ambiente que eu ainda não tinha visto, nem na cidade nem no campo, nem no
litoral nem no interior.
Com base nessa análise da troika,
o governo corrigiu as previsões para 2014 apontando agora para um crescimento do
produto interno bruto de 1,2% e não de 0,8%, enquanto a taxa de desemprego de
16,8% foi agora estimada em 15,7%. Uma mudança entusiasmante! As exportações devem manter um crescimento de 5,5%, enquanto o investimento
deverá passar de um crescimento negativo de 6,5% para uma expansão de 3,1%. Outra
mudança entusiasmante! Com estas previsões, o irrevogável ministro puxou de um
pincel e pintou um quadro cor de rosa: "a revisão do cenário aponta para
um ano com mais crescimento, mais emprego, mais exportações e mais
investimento". Porém, a verdade pode não ser essa e, por isso, a troika exigiu a apresentação de mais
medidas para concluir a 11ª avaliação, incluindo mais cortes e a manutenção de impostos, enquanto o FMI já avisou que só sairá em
Junho, obrigando o irrevogável ministro a substituir o relógio com contagem
decrescente que ridiculamente inaugurara nas instalações do seu partido. Assim, esta euforia só pode ser falsa.