domingo, 2 de março de 2014

A falsa euforia do irrevogável ministro

O irrevogável ministro Portas tem sido o porta-voz do governo para as coisas positivas, como lembrou recentemente o comentador Marcelo e, quando as notícias não são boas, ele trata de as embrulhar para parecerem outra coisa e iludir o povo. Isso aconteceu mais uma vez na sexta-feira e, com meias verdades e muitas omissões, procurou fazer passar uma mensagem mentirosa e nem sequer aceitou ser interrogado pelos jornalistas, depois de anunciar a conclusão da 11ª avaliação do programa de ajustamento. “Esta lebre está corrida”, disse ele, acrescentando que a troika considera que Portugal vive "um ambiente de crescimento económico bastante mais forte" suportado pelo investimento e pelas exportações. Ora aí está um ambiente que eu ainda não tinha visto, nem na cidade nem no campo, nem no litoral nem no interior.
Com base nessa análise da troika, o governo corrigiu as previsões para 2014  apontando agora para um crescimento do produto interno bruto de 1,2% e não de 0,8%, enquanto a taxa de desemprego de 16,8% foi agora estimada em 15,7%. Uma mudança entusiasmante! As exportações devem manter um crescimento de 5,5%, enquanto o investimento deverá passar de um crescimento negativo de 6,5% para uma expansão de 3,1%. Outra mudança entusiasmante! Com estas previsões, o irrevogável ministro puxou de um pincel e pintou um quadro cor de rosa: "a revisão do cenário aponta para um ano com mais crescimento, mais emprego, mais exportações e mais investimento". Porém, a verdade pode não ser essa e, por isso, a troika exigiu a apresentação de mais medidas para concluir a 11ª avaliação, incluindo mais cortes e a manutenção de impostos, enquanto o FMI já avisou que só sairá em Junho, obrigando o irrevogável ministro a substituir o relógio com contagem decrescente que ridiculamente inaugurara nas instalações do seu partido. Assim, esta euforia só pode ser falsa.

1 comentário:

  1. A propósito de "Investimento", estes nossos políticos, ou são ignorantes ou mentirosos: só há investimento quando se trata de uma nova actividade criadora de emprego e de riqueza. O que tem havido muito é pura substituição da pessoa do investidor.
    Isto ensinou-me o primeiro professor de economia que tive.
    Os teus escritos aqui continuam a ser oportunos, lúcidos e deveras interessantes.
    Que não te falte a inspiração.
    Um abraço.

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