segunda-feira, 2 de maio de 2022

A migração dos pinguins-de-magalhães

O jornal argentino Hoy en la Noticia é publicado na cidade de La Plata, na província de Buenos Aires, anunciando na sua edição de hoje que “comenzó la migración de los pingüinos de Magallanes”.
A notícia é interessante pois relata um acontecimento invulgar e pouco conhecido na Europa, que é a viagem de mais de três mil quilómetros empreendida por esta espécie patagónica até às costas do Uruguai e do sul do Brasil, sobretudo em busca de alimento que, com a aproximação do inverno austral, começa a faltar. A espécie tem o nome científico de spheniscus magellanicus, foi avistada pela primeira vez em 1520 pela frota de Fernão de Magalhães e foi mencionada no relato que Antonio Pigafetta fez dessa viagem. O seu habitat é, essencialmente, o estreito de Magalhães e a Patagónia, as ilhas Malvinas e as costas argentinas e chilenas, embora se desloquem até ao Brasil e ao Peru para procurar alimento durante o inverno austral.
O pinguim-de-magalhães é uma ave não voadora, ovípara, com uma estatura média de 70 centímetros e cujo peso varia entre quatro a seis quilogramas. É uma das dezoito espécies de pinguins, das quais pelo menos metade estão ameaçadas de extinção, devido à crescente escassez alimentar provocada pelas alterações climáticas.
Para promover a conservação de todas as espécies de pinguins e a preservação das costas e dos oceanos onde habitam, foi criada a Global Penguin Society (GPS), uma entidade reconhecida internacionalmente, que tem a sua sede na cidade argentina de Puerto Madryn, na província de Chubut. O destaque da notícia do diário Hoy en la Noticia mostra como a Global Penguin Society é dinâmica e prestigiada na comunicação social argentina, mas também mostra que magalhães é nome de muita coisa, incluindo pessoas, galáxias, territórios, computadores e até pinguins.