segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

A Venezuela e as suas rainhas de beleza

Numa altura em que os concursos de beleza são muito contestados e são objecto de muita controvérsia um pouco por todo o mundo, alegadamente por serem expressões de menor dignidade da pessoa humana e expressões de sexualização, o jornal venezuelano Diario 2001 que se publica em Caracas, deu alargado destaque ao concurso de Miss Venezuela 2025.
O concurso nacional de beleza feminina é realizado anualmente na Venezuela para escolher as representantes nacionais para os concursos de Miss Universo, Miss Mundo e Miss Beleza Internacional e, de acordo com a informação disponível, esses concursos de beleza serão, juntamente com as telenovelas, as principais actividades destinadas à promoção da imagem externa da Venezuela. Significa, portanto, que os concursos de beleza são um elemento importante na cultura no país de Nicolas Maduro e, na realidade, o país apresenta o eloquente palmarés de sete títulos de Miss Universo, seis títulos de Miss Mundo e nove títulos de Miss Beleza Internacional. Nenhum país do mundo tem tantas beldades! Que orgulho devem sentir todos os venezuelanos!
A notícia do Diario 2001 informa que Stephany Abasali, uma estudante de Economia com 24 anos de idade e que representou o estado de Anzoátegui, foi a vencedora e vai ser a Miss Venezuela 2025. A partir de agora lá se vai o curso de Economia, porque a radiosa Stephany vai ser um objecto ao serviço de interesses comerciais e políticos.
Felizmente que Portugal não é a Venezuela e que, por cá, os concursos de beleza não fazem parte da nossa matriz cultural e são coisas marginais e desinteressantes a que ninguém dá atenção.

Treinadores portugueses vencem no Brasil

O Botafogo de Futebol e Regatas, ou simplesmente Botafogo, triunfou no Campeonato Brasileiro de Futebol, isto é, venceu o Brasileirão 2024, disso tendo feito manchete o jornal O Globo, na sua edição de hoje, com grande destaque. A cidade do Rio de Janeiro está em festa pois o clube venceu este título nacional pela terceira vez e quebrou um jejum de 29 anos, pois anteriormente só vencera o campeonato em 1968 e em 1995.
O Botafogo não tem estado ao nível de clubes como o Palmeiras, o São Paulo, o Corinthians e o Santos (estado de São Paulo), ou o Flamengo, o Fluminense e o Vasco da Gama (estado do Rio de Janeiro), além de outros, tendo nos últimos trinta anos descido de divisão três vezes.
Por isso, o seu triunfo no Brasileirão 2024 e, nove dias antes na Taça Libertadores da América, a principal competição de futebol da América Latina, levou a euforia às torcidas organizadas do Botafogo e da população deste bairro do Rio de Janeiro.
O treinador e principal responsável por este momento único na vida do centenário clube é o português Artur Jorge que, em nove dias, conduziu o Botafogo a dois prestigiosos títulos. Depois de Jorge Jesus no Flamengo e de Abel Ferreira no Palmeiras, o sucesso de Artur Jorge veio confirmar que os portugueses de maior notoriedade no Brasil desde o tempo do imperador D. Pedro, não são Pessoa, nem Saramago, nem Amália, mas sobretudo os treinadores de futebol. Quem diria?

O incerto (e perigoso) futuro da Síria

A imprensa mundial noticia hoje a queda da cidade de Damasco e a fuga de Bashar al-Assad para a Rússia. Aparentemente, em doze dias apenas, os “rebeldes” do grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS) de Abu Mohammad al-Jolani derrubaram o regime autoritário dos Assad e terminaram a guerra civil que se travava desde 2011. Nessa longa guerra participaram o Irão e a Rússia em apoio do regime sírio e, do lado das várias forças da oposição, os Estados Unidos, a Arábia Saudita, a Turquia e os Emirados Árabes Unidos, estimando-se que tenha havido mais de 14 milhões de refugiados e mais de 600 mil mortos.
O fim do regime de Bashar el-Assad foi anunciado com regozijo nas capitais europeias onde os seus líderes manifestaram satisfação pelo fim do ditador, mas sem comentarem se também foi o fim da ditadura.
Porém, há quem tema que o radicalismo do novo poder seja pior que o secularismo do regime de Bashar al-Assad. Há, também, quem se admire com a ausência de resistência das forças armadas sírias que se desintegraram e com a apatia dos aliados de Bashar el-Assad. A rapidez com que os “rebeldes” tomaram o poder em Damasco, a indiferença das forças russas e iranianas que estão no terreno e as instruções aparentemente deixadas por Bashar el-Assad para que se fizesse uma transição pacífica do poder, parecem revelar que esta operação-relâmpago teve contornos de concertação que ainda estão por esclarecer.
O jornal francês Libération escreve que a Síria caminha para o desconhecido e a imprensa chinesa alerta para que a mudança na Síria pode perturbar o Médio Oriente. O facto é que a queda dos ditadores naquela região do mundo não contribuiram para a paz, nem para a democracia, enquanto se tem visto muita inabilidade ocidental nesta região, onde Israel e o regime de Netanyahu fazem o que lhes apetece.