domingo, 18 de janeiro de 2015

As ondas da mudança chegam a Cuba

Passo a passo, prossegue o processo de reaproximação entre os Estados Unidos e Cuba, formalmente iniciado há um mês quando, em simultâneo, Barack Obama e Raúl Castro anunciaram as primeiras medidas para o fim do embargo americano que dura há 53 anos. Esse embargo económico, comercial e financeiro foi imposto pelos Estados Unidos em 1962, em consequência da radicalização da revolução cubana, da sua aproximação à União Soviética e dos seus ataques aos interesses americanos. Apesar do embargo ter surgido no contexto da chamada guerra fria e ter provocado grandes danos à economia e à sociedade cubanas, a decisão de o manter resistiu a todas as circunstâncias, incluindo o colapso do bloco soviético em 1991, com o argumento de que o regime cubano violava os direitos humanos e as liberdades fundamentais. Da mesma forma foram inconsequentes as pressões da Assembleia Geral das Nações Unidas e da Igreja Católica para que os Estados Unidos pusessem fim ao embargo.
A doença de Fidel de Castro que foi detectada em 2006, abriu o caminho à sua sucessão por Raúl de Castro, que se concretizou em 2008 e, no ano seguinte, foi Barack Obama que tomou posse como Presidente dos Estados Unidos.
Aqueles homens, separados por 30 anos de idade, não terão imaginado inicialmente que tinham nas mãos a resolução de um dos mais embaraçosos conflitos da actualidade. Porém, se os Estados Unidos tinham relações normais com a China e com o Vietnam, era difícil compreender porque perdurava um embargo desta natureza. Foi isso que Obama e Castro compreenderam.
Não se afigura fácil esta reaproximação, sobretudo pela oposição do “lobby de Cuba”, formado por anti-castristas conservadores muito influentes entre os exilados cubanos e no voto no Estado da Florida, que só apoia uma solução que passe pelo derrube do regime cubano. Porém, passo a passo, o processo avança como hoje salienta o jornal Miami Herald.