
A ilegalidade e a violência sempre existiram na região sahariana mas, nos últimos anos, com a “primavera árabe” e, sobretudo, depois da queda de Kadaffi em finais de 2011, a situação piorou. Formaram-se pequenos exércitos ou gangues armados que ocupam cidades, fazem reféns, exigem resgates, praticam o contrabando, fazem tráfico de drogas e praticam o banditismo avulso. Embora sejam comparados aos piratas das costas da Somália, parecem ser bem mais perigosos. Esses gangues e os seus líderes têm reforçado a sua influência junto das populações saharianas e, alguns deles, actuam em nome da jihad. Os jihadistas parecem ter ricos apoios financeiros, sobretudo na Arábia Saudita, sendo oriundos de alguns países da região como a Argélia, Tunísia, Niger e Mali, mas também de outras regiões como o Paquistão, a Iémen e a Somália. Esses grupos procuram atacar os interesses ocidentais na região, que é rica produtora de petróleo e gás, numa estratégia que também pretende incentivar uma campanha de terror na Europa e na América. Em defesa dos seus interesses económicos e da protecção dos seus nacionais residentes no Mali , a França assumiu o combate contra esses gangues armados, mas tem lamentado estar sozinha no terreno. Para a generalidade dos observadores, a situação é muito perigosa e muito incerta, podendo ser um atoleiro para os franceses, enquanto The Economist se interroga sobre se já estamos confrontados com um Afrighanistan.