quinta-feira, 18 de abril de 2024

Açoriano Oriental: 189 anos de vida cívica

Completa hoje 189 anos de idade o jornal Açoriano Oriental, um diário que se publica na ilha de São Miguel desde o dia 18 de abril de 1835, sempre com o mesmo nome e de forma contínua e regular. É uma relíquia ou um monumento nacional, pois não só é o mais antigo jornal em circulação em Portugal, como também é um dos dez jornais mais antigos do mundo.
Hoje, o jornal mantém o seu dinamismo editorial e, a provar que está vivo e de boa saúde, assinalou o seu 189º aniversário com uma edição especial dedicada ao debate do tema “Que futuro para os Açores, 50 anos após o 25 de Abril”, na qual diversos especialistas tratam a problemática das ilhas dos Açores em diferentes áreas temáticas, incluindo o desenvolvimento económico, a cultura, a política, os parques tecnológicos, o turismo, a agricultura e as pescas, engtre outros, sempre orientados para o futuro.
A propósito da efeméride que hoje se celebra, também foi organizada uma exposição na cidade de Ponta Delgada em que, através da apresentação de algumas das suas primeiras páginas, é possível apreciar a evolução gráfica do jornal e recordar o relato então feito de alguns momentos históricos da vida açoriana, como a erupção vulcânica dos Capelinhos ou a visita do Papa João Paulo II.
Enquanto leitor do Açoriano Oriental desde há muitos anos, é com muita satisfação que acompanho esta histórica efeméride e aplaudo aqueles que diariamente constroem cada edição do jornal.

Uma evocação francesa do 25 de Abril

O 25 de Abril de 1974 foi um acontecimento histórico que devolveu a Liberdade e a Democracia aos portugueses, depois de 48 anos de Ditadura, mas sua importância foi universal, como mostra a edição nº 517, de Março de 2024, da revista francesa L’Histoire, que agora surgiu à venda em Portugal e que no seu Dossier Portugal 1974, inclui uma alargada reportagem intitulada “Portugal: la Révolution des Œillets”.
Cinquenta anos depois do “jour initial, entier et pur”, segundo as palavras de Sophia de Mello Breyner, o 25 de Abril é evocado em França como uma data histórica e libertadora. São 27 páginas muito ilustradas, com fotos e infografias, que são assinadas por diferentes especialistas franceses, entre os quais Yves Léonard que, no seu extenso texto escreveu que “com o 25 de Abril se abriu uma porta para a democracia, que depois foi fonte de inspiração para a Grécia, para a Espanha e para a América Latina”. Sobre a guerra colonial que foi determinante na iniciativa libertadora e num tempo a que chamou “le printemps des capitaines”, o mesmo autor mostra possuir boa informação e escreveu que se fala mesmo de um “Vietnam português na Guiné-Bissau” em que “os três G” – os três quartéis de Guidage, Guileje e Gadamael, cercados pelas forças da guerillha independentista do PAIGC – eram, em Maio de 1973, “sinónimo de corredor da morte para as tropas portuguesas”. O texto de Yves Léonard recorda o efeito dos ideais libertadores portugueses na Europa e lembra o que cantava Georges Moustaki em 1974: “Dis-leur qu’un oeillet rouge a fleuri au Portugal”.
O Dossier Portugal 1974 inclui outros textos de muito interesse, nomeadamente “La révolution vue de France”, onde se afirma que o 25 de Abril foi também “une affaire française”, porque havia quase um milhão de emigrantes portugueses em França, muitos dos quais tinham deixado o país clandestinamente para fugir à pobreza, à guerra e à ditadura de Salazar.
Em síntese, é uma belíssima edição de homenagem ao 25 de Abril e a Portugal.