sábado, 18 de dezembro de 2021

1961: evocando a queda do Estado da Índia

Revista Visão História, Dezembro, 2011
Perfazem-se hoje 60 anos sobre a data em que aconteceu a queda da Índia Portuguesa. É uma história complexa e dolorosa que só foi possível pela teimosia e pela intransigência de quem quis contrariar os “ventos da História” e que em vez de seguir os caminhos da diplomacia e da negociação, decidiu pedir o sacrifício total aos seus homens e afirmar que soldados e marinheiros só seriam reconhecidos se “vitoriosos ou mortos”. 
O governo de Nehru mandou avançar a operação Vijay e as tropas do general Candeth invadiram Goa, Damão e Diu por terra, mar e ar, sem que as tropas do general Vassalo e Silva lhe pudessem resistir. Corria o mês de Dezembro de 1961 e a perda da “jóia da coroa”, fortemente ligada a alguns dos mais importantes episódios da epopeia e da memória histórica lusitana, foi traumática para a sociedade portuguesa, mas também para uma parte da sociedade goesa e damanense que, ao longo de quatro séculos e meio, havia adoptado a língua e a cultura portuguesas.
Passados estes sessenta anos, aqueles territórios constituem o Estado de Goa e os Union Territories de Damão e Diu, mas em Goa, Damão e Diu persistem muitos traços da cultura portuguesa, nos quotidianos e nas práticas culturais, no património e na nostalgia de um modo de viver, de comer e de vestir de raiz portuguesa. 
A evocação que hoje aqui fazemos é uma homenagem aos que pereceram naquele dia e naquelas infelizes circunstâncias, mas é também a expressão de um sentimento de fraternidade para com aqueles que vivendo em Goa, Damão e Diu e possuindo passaporte indiano, são cultural e emocionalmente portugueses.