sexta-feira, 10 de junho de 2022

R.I.P. Paula Rego

Com 87 anos de idade faleceu em Londres a pintora Paula Rego que, juntamente com Maria Helena Vieira da Silva, que como ela também nasceu em Lisboa, são as mais apreciadas artistas portuguesas a nível internacional.
Incentivada pelo seu pai que a queria ver longe do regime salazarista, entre 1952 e 1956 estudou na Slade School of Fine Art da University College London (UCL), onde desenvolveu os seus talentos na pintura e nas artes visuais, tornando-se um nome de referência no movimento estético modernista. Entre 1957 e 1970 viveu na Ericeira e foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, mas o apreço pelo seu trabalho não a entusiasmou, pelo que regressou a Londres com o marido e os seus três filhos. A partir de 1975 a sua produção passou a inspirar-se no universo literário dos contos populares portugueses e, como acontece com os artistas de eleição, passou por outros ciclos e outras inspirações zoomórficas e fantasistas. Em meados dos anos 1980 teve o reconhecimento da crítica e as grandes galerias internacionais abriram-lhe as portas, enquanto de Portugal veio o convite para expor na Fundação Gulbenkian e na Fundação de Serralves, bem como uma proposta da Câmara Municipal de Cascais para reunir em Cascais uma parte da sua obra, assim nascendo a Casa das Histórias de Paula Rego, que foi inaugurada em 2009. As homenagens que muitas universidades lhe fizeram ao conferirem-lhe doutoramentos honoris causa e as condecorações que lhe foram atribuídas, nomeadamente pela Rainha Isabel II e por dois presidentes da República Portuguesa, constituem distinções muito raras no panorama artístico português, onde o reconhecimento internacional é uma barreira quase inultrapassável. Não sou crítico de arte mas apenas um apreciador e, por isso, sempre que possível vi a obra de Paula Rego em Lisboa, no Porto e em Cascais. 
A morte de Paula Rego originou que fosse decretado luto nacional em Portugal e a notícia da sua morte foi destacada na primeira página do jornal londrino The Guardian.