sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

A morna : de Cabo Verde para o mundo

Depois de em 2009 ter visto o centro histórico da cidade da Ribeira Grande, conhecido como Cidade Velha, ser classificado pela Unesco como património da Humanidade, a República de Cabo Verde viu agora aprovada a candidatura da morna a património cultural imaterial da Humanidade.
A morna é um género musical típico e é considerada a música-rainha de Cabo Verde, sendo uma mistura de estilos musicais com fortes raízes africanas e com influências da modinha luso-brasileira. É geralmente acompanhada por viola, cavaquinho, violino e piano, mas o instrumento clássico da morna é o violão, introduzido em Cabo Verde no século XIX.
Segundo um texto divulgado pela comissão de candidatura, a morna é uma canção melancólica “interpretada em crioulo cabo-verdiano por uma voz solista, homem ou mulher, apesar de existirem mornas apenas instrumentais, versando temas lírico-passionais e sendo muito vinculada ao sentimento do amor, ao sofrimento, à saudade, à ternura, à tristeza, à ironia e à boa ou má sorte do destino individual”.
Durante muitos anos a morna esteve confinada ao arquipélago de Cabo Verde e era pouco conhecida no exterior, até que surgiu Cesárea Évora que internacionalizou a morna cabo-verdiana. Por isso, o semanário Expresso das Ilhas ilustrou a primeira página da sua última edição com a fotografia de Cesárea, a rainha da morna que faleceu em 2011. Para quem ouviu a morna ser cantada no Mindelo há mais de cinquenta anos e depois viu Cesárea Évora actuar em Lisboa algumas vezes, a sua classificação pela Unesco é um motivo de grande satisfação e de aplauso.