Tal como muitos
esperavam, as eleições presidenciais na Venezuela foram um grosseiro exercício
de simulação democrática. Tudo foi manipulado para dificultar a vida aos
adversários do ditador venezuelano e foi o próprio Nicolás Maduro que anunciou
a sua vitória com 51.2% dos votos, com Edmundo Gonzalez Urrutia, o
principal candidato da oposição, a obter apenas 44,2% dos votos. A
oposição repudiou esta declaração e afirmou que Maduro só teve 30% dos
votos e que Edmundo Gonzalez venceu com 70% dos votos.
O exuberante anúncio
de vitória feito por Maduro, travestido de clown, aconteceu quando estavam contados apenas 80% dos
votos e sem haverem sido apurados os resultados parciais de milhares de mesas
de voto, o que é surrealista e mentiroso. O ditador nem esperou pela contagem
dos votos e tratou de se autoproclamar vencedor. Os portugueses, sobretudo
aqueles que viveram as eleições presidenciais de 1958, em que Humberto Delgado
ganhou nas urnas mas perdeu devido à extensão da fraude eleitoral, conhecem bem
a forma fraudulenta como os ditadores ganham eleições.
A oposição venezuelana
denunciou muitas irregularidades durante a campanha eleitoral, muitos viram a agonia do chavismo e o fim da ditadura bolivarista. Os resultados anunciados levaram a população para as ruas a contestar os resultados. Diz-se que o povo é quem mais ordena e o ambiente de tensão está a aumentar. Ninguém
quer prever o que possa acontecer.
Alguns países já
felicitaram a figura caricata de Nicolás Maduro, casos da China, Rússia, Cuba,
Bolívia, Nicarágua, Honduras e Síria. Outros países recusam-se a reconhecer os
resultados, como a Argentina, o Uruguai, o Brasil, o Perú e a Costa Rica e
outros, ainda, mostraram-se cautelosos como o Chile, a Colômbia, os Estados
Unidos e a União Europeia, pedindo maior transparência no processo de contagem
dos votos.
A imprensa
reflecte as posições dos diferentes países e enquanto alguns se limitam a
repetir o anúncio do Conselho Nacional Eleitoral, dizendo que “Maduro é o
vencedor mas a oposição contesta”, outros como acontece com o jornal peruano La
Razón falam em “fraude na Venezuela”.
Haverá alguém que tenha dúvidas de que as eleições foram fraudulentas?
O facto é que as
eleições venezuelanas nada contribuiram para o desanuviamento de um panorama
internacional cada vez mais complexo.