Na sua edição de
hoje, o jornal católico francês La Croix destaca como manchete um
tema de interesse geral que designa como “a desordem mundial”. A análise
publicada refere que a ordem mundial resultante da Guerra Fria se está a
desmoronar, pois “nem é totalmente unipolar, nem verdadeiramente multipolar”,
ao mesmo tempo que estão a emergir médias potências que desafiam a influência americana, como se vê nos conflitos que estão
a perturbar a paz mundial. Segundo o citado jornal, “les conflits en Ukraine et au
Proche-Orient confirment la perte de vitesse des États-Unis sur la scène
internationale”.
O tema
desenvolvido pelo jornal é de grande actualidade, como se vê naqueles
conflitos, em que parece não haver quem possa travar a guerra e onde as
acusações de violação dos direitos humanos e da prática de crimes de guerra
são uma constante. Os Estados Unidos podem ser determinantes na resolução destes
dois conflitos, mas as suas próximas eleições presidenciais não ajudam, para
além de que nos teatros de guerra subsistem questões culturais de fundo a
dificultar o encontro de soluções. No caso da Ucrânia é muitas vezes ignorado
que há, pelo menos, "duas ucrânias" sob o ponto de vista cultural e religioso, enquanto
no Médio Oriente é referido que “il faut sortir de la vision occidentale du
conflit”, isto é, não são os mísseis, os tanques, os drones e a destruição de
vidas e de cidades que, em ambos os casos, vão decidir os conflitos, mas tão só
uma arbitragem que respeite as realidades culturais em conflito.
Bom seria que o
jornal La Croix e a sua análise sobre “le désordre mondial”, pudessem
ser lidos pelos responsáveis políticos mundiais. É neste preocupante quadro geopolítico
mundial que agora vai entrar a crise que, certamente, vai minar a felicidade dos portugueses.