Com 82 anos de idade e ocupando a presidência da República
Democrática e Popular da Argélia desde 1999, Abdelaziz Bouteflika anunciou há
poucos dias a sua candidatura a um quinto mandato presidencial.
Trata-se de um homem de grande prestígio nacional porque
foi um dos líderes da revolução argelina que derrotou o poder colonial francês,
mas também de prestígio internacional pois presidiu à Assembleia Geral das
Nações Unidas. Porém, para além da sua idade, Bouteflika não é visto em público
desde que foi vítima de um acidente vascular cerebral (AVC) em 2013 e,
alegadamente, estará hospitalizado na Suiça desde há uma semana. Por isso, o
anúncio da sua recandidatura gerou uma forte contestação popular, sobretudo da
juventude universitária e de outras forças que se lhe juntaram, que não aceitam
a candidatura de Bouteflika porque se encontra diminuído das suas capacidades,
nem o sistema oligárquico por ele criado para dirigir a Argélia que acusam de
ser corrupto e submisso a forças externas.
Tudo começou há menos de um mês, mas a contestação tem
aumentado através da convocação de manifestações feitas através das redes
sociais, que não querem que Bouteflika e os seus apaniguados se mantenham no
poder. Os argelinos têm aspirações e parece que querem mais democracia e mais
progresso, embora não se saiba que aproveitamento podem os radicais islâmicos
fazer desta situação.
Argel fica a cerca de mil quilómetros de Lisboa, logo a Argélia fica próxima de Portugal. Desde que apareceram as primaveras árabes que têm ocorrido graves perturbações em diversos
países do Médio Oriente e da margem sul do Mediterrâneo, desde a Tunísia ao
Iraque, passando pelo Iraque, pelo Egipto e pela Líbia. A intervenção externa ocidental
nestas primaveras árabes tem sido um caso de enorme insensatez e estupidez. É
preciso estudar o que se passa na Argélia e ajudar os argelinos. O trabalho hoje
publicado pelo OBS - Le Nouvel
Observateur, pode ajudar a compreender a situação.