O ambiente político
americano continua muito tenso e o responsável por essa situação é Donald Trump
que, contra todas as evidências e julgamentos, continua a não aceitar a sua
derrota eleitoral. O incitamento que fez aos seus apoiantes para ocuparem o
Capitólio no dia 6 de Janeiro foi um desafio à democracia americana e um acto
insurrecional sem precedentes. Por isso, a Câmara dos Representantes votou
ontem a sua destituição e o resultado final saldou-se por 232 votos a favor
(222 votos democratas e dez votos republicanos) e 197 votos contra dos congressistas republicanos. Entre
os dez votos republicanos que condenaram Trump estava o voto do congressista
David Goncalves Valadao, um lusodescendente nascido nos Estados Unidos em 1977,
mas cuja família emigrara dos Açores em 1969.
Donald Trump
tornou-se no único presidente da história dos Estados Unidos a ser condenado
com dois impeachments, enquanto a
actual situação fez emergir Nancy Pelosi, a presidente da Câmara dos
Representantes, como a corajosa acusadora que, sem papas na língua, disse que
Trump incitou esta insurreição armada contra o Estado e a Constituição, pelo
que deve ser afastado do seu cargo por ser um perigo para a nação. O impeachment aprovado não implica a destituição do Donald, pois terá
que ser também aprovado pelo Senado por uma maioria de dois terços, o que
significa que terá que haver 17 senadores republicanos a juntar o seu voto aos
cinquenta senadores democratas. Apesar de esta votação só ocorrer após a posse
de Joe Biden, numa altura em que os senadores já estarão menos condicionados
pelo medo e pelas ameaças dos radicais, tudo o que vai acontecer é uma incerteza. É mesmo uma incerteza. Certo, apenas, é que Donald Trump será sempre uma vergonhosa figura a manchar a
história dos Estados Unidos da América.