quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Único: o Donald foi impugnado duas vezes

O ambiente político americano continua muito tenso e o responsável por essa situação é Donald Trump que, contra todas as evidências e julgamentos, continua a não aceitar a sua derrota eleitoral. O incitamento que fez aos seus apoiantes para ocuparem o Capitólio no dia 6 de Janeiro foi um desafio à democracia americana e um acto insurrecional sem precedentes. Por isso, a Câmara dos Representantes votou ontem a sua destituição e o resultado final saldou-se por 232 votos a favor (222 votos democratas e dez votos republicanos) e 197 votos contra dos congressistas republicanos. Entre os dez votos republicanos que condenaram Trump estava o voto do congressista David Goncalves Valadao, um lusodescendente nascido nos Estados Unidos em 1977, mas cuja família emigrara dos Açores em 1969. 
Donald Trump tornou-se no único presidente da história dos Estados Unidos a ser condenado com dois impeachments, enquanto a actual situação fez emergir Nancy Pelosi, a presidente da Câmara dos Representantes, como a corajosa acusadora que, sem papas na língua, disse que Trump incitou esta insurreição armada contra o Estado e a Constituição, pelo que deve ser afastado do seu cargo por ser um perigo para a nação. O impeachment aprovado não implica a destituição do Donald, pois terá que ser também aprovado pelo Senado por uma maioria de dois terços, o que significa que terá que haver 17 senadores republicanos a juntar o seu voto aos cinquenta senadores democratas. Apesar de esta votação só ocorrer após a posse de Joe Biden, numa altura em que os senadores já estarão menos condicionados pelo medo e pelas ameaças dos radicais, tudo o que vai acontecer é uma incerteza. É mesmo uma incerteza. Certo, apenas, é que Donald Trump será sempre uma vergonhosa figura a manchar a história dos Estados Unidos da América.

Covid-19: de mal a pior, mas até quando?

Dentro de 24 horas o nosso país vai entrar em confinamento geral e a generalidade dos portugueses vai ficar sujeita ao dever de recolhimento domiciliário e, sobretudo, vai ter que obedecer às regras do bom senso. O país vai fechar devido ao elevado risco de contágios, como hoje sugere a capa do jornal i. Assim, tal como acontece por toda a Europa, onde estão impostas muitas restrições para combater a pandemia, com confinamento geral pelo menos na Alemanha, Reino Unido, Irlanda, Holanda e Áustria, também Portugal adoptou medidas severas que, naturalmente, vão perturbar alguns sectores da economia, mas que são recomendadas pelo estado sanitário do país. 
Há cinco dias apenas, o jornal Público escreveu que, com 118 óbitos, estávamos no “princípio do pior”, mas a minha boa vontade traiu-me e eu escrevi, cheio de confiança, que era o “princípio do melhor”, na esperança de que aqueles 118 óbitos tivessem sido um pico na curva estatística e que nos dias seguintes a situação melhoraria. O Público acertou e eu errei. De facto, houve depois 111 óbitos e a seguir 102, 122, 155 e, ontem, 156. Tocaram todos os alarmes. Há actualmente mais de 116 mil pessoas infectadas, além de 4.240 pessoas internadas e 596 pessoas em unidades de cuidados intensivos. Nunca a situação epidemiológica em Portugal foi tão grave, tal como na vizinha Espanha onde a situação também é semelhante, tendo a imprensa anunciado hoje que há um "récord de contagios en España com casi 39.000 en un solo dia”. Estamos, portanto, absolutamente confinados e o que nos perturba é que continuamos sem saber até quando teremos o vírus à porta das nossas vidas.