segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Competição e desportivismo na Formula 1

Desde o ano de 1950 que a FIA realiza o Campeonato Mundial de Formula 1 e, por isso, este ano de 2021 que se aproxima do fim, constituiu a 72ª temporada deste evento que é considerado como a categoria mais importante do automobilismo mundial. 
Antigamente, as transmissões televisivas das provas – os Grandes Prémios – eram feitas em sinal aberto e, por isso, as corridas da Formula 1 tinham muitos entusiastas e seguidores que, por vezes, quase se assemelhavam aos tiffosi do futebol. Os nomes de Juan Manuel Fangio, Jackie Stewart, Niki Lauda, Alain Prost, Ayrton Senna ou Michael Schumacher eram bem conhecidos e atraiam legiões de adeptos. Depois, o circo da Formula 1 evoluiu e passaram a realizar-se provas nas cidades que para isso pagavam e as transmissões televisivas em sinal aberto acabaram, surgindo mais provas, muito mais dinheiro e muito menos interesse popular do que havia antigamente.
No ano de 2021 o Mundial de Formula 1 teve 22 provas disputadas em vários continentes, mas à partida da sua última prova realizada ontem – Grande Prémio de Abu Dhabi - nos primeiros lugares da linha de largada estavam o inglês Lewis Hamilton que procurava o seu oitavo título mundial e o jovem holandês Max Verstappen, que lutava pelo seu primeiro título. Partiam com o mesmo número de pontos, o que não acontecia no Campeonato de Formula 1 desde 1974, o que tornava esta corrida um acontecimento especial para os tiffosi e para o público em geral. Seria uma versão do "rei morto, rei posto"? Seria a continuidade ou a renovação? Seria a tecnologia alemã da Mercedes ou a japonesa da Honda?
Durante muitas voltas Lewis Hamilton seguiu na frente, mas na última volta Max Verstappen ultrapassou-o e, pela primeira vez, venceu o Campeonato Mundial de Pilotos. A generalidade da imprensa mundial publicou esta notícia, mas o diário desportivo argentino Olé foi mais longe e dedicou a capa da sua edição de hoje a Max Verstappen no pódio com Lewis Hamilton, que aplaude a vitória do seu adversário. Um caso de desportivismo pouco vulgar, sobretudo nestes “desportos” onde corre muito dinheiro.

Concursos de beleza e igualdade de género

Na cidade israelita de Éilat, nas margens do mar Vermelho, uma jovem indiana chamada Harnaaz Sandhu foi ontem coroada Miss Universo 2021. Segundo as crónicas, a vencedora bateu 79 outras beldades provenientes de vários países e territórios, incluindo a paraguaia Nadia Ferreira que ficou em segundo lugar, a sul-africana Lalela Mswane que obteve o terceiro lugar e as concorrentes das Filipinas e da Colômbia. Como sempre nestes concursos, a vencedora afirmou defender os direitos das mulheres, amar a sua família e gostar de cozinhar, de dançar e de ler, além de possuir várias outras virtudes. Oriunda de Chandigarh, no norte da Índia, a jovem terá provocado uma onda de orgulho nacional porque, 21 anos depois da última vitória indiana, ela trouxe aquele título de volta à Índia.
Embora alguns países europeus ainda participem neste tipo de festivais, já ninguém lhes dá importância e são feitas muitas críticas a estes concursos de beleza, que têm mais de humilhantes do que prestigiantes e que acontecem num tempo em que os direitos das mulheres e a igualdade de género ocupam as agendas políticas e culturais em quase todo o mundo. Porém, não é isso que se passa por exemplo na América do Sul, onde este tipo de concursos colhe muito apreço da imprensa e da opinião pública. Assim, na sua edição de domingo, o jornal colombiano El Universal publicava com grande destaque uma fotografia da sua candidata à “elección de la mujer más bella del universo”.
O jornal informava os seus leitores que Valeria Ayos ”deslumbró el viernes en la gala preliminar del certamen” e afirmava que “Colombia vuela alto en Miss Universo”.
Que alegria para toda a Colômbia, mas que grande injustiça o que fizeram à Valeria ao darem-lhe apenas o quinto lugar no concurso.