O diário La Voz de Galicia publica
hoje uma extensa e importante reportagem sobre Portugal e, entre outros
sugestivos e laudatórios títulos, utilizou a frase Portugal, los nórdicos del sur de Europa e, também, a frase El renacer al otro lado de la raia.
A reportagem começa por assinalar
o facto de, em poucos anos, o país ter passado da humilhante intervenção da troika para a prestigiante eleição do
seu Ministro das Finanças para presidir ao Eurogrupo. Foi um salto em que um país
deprimido se tornou um país da moda, que atrai investimento de meio mundo, que
capta residentes de luxo, que é um viveiro de dirigentes internacionais e tem
tido um enorme êxito na criação de emprego. O jornal analisa também os
excepcionais resultados na gestão da dívida, no pagamento antecipado do
empréstimo do FMI, na redução do défice público e no comportamento das exportações.
É o que diz o jornal, que também escreve que há progresso, segurança e abertura
ao mundo e que, segundo o Índice de Paz Global, é o terceiro país mais seguro
do planeta, só ultrapassado pela Islândia e pela Nova Zelândia. Ao sucesso económico,
segundo o jornal galego, os portugueses somam êxitos desportivos, musicais e
diplomáticos.
Nenhum português lê aquela
reportagem sem um sentimento de orgulho. Porém, é lamentável como a imprensa
portuguesa parece ignorar o nosso êxito colectivo e do governo de António
Costa, preferindo fixar-se nos fait-divers
da sociedade e da política.
Todos sabemos que há notícia quando
o homem mordeu o cão e que não há notícia quando o cão mordeu o homem ou,
noutra perspectiva, há notícia quando o acontecimento relatado contribui para a
venda do jornal e para o consequente aumento das audiências. Seja verdadeiro ou seja falso.
Porém, a imprensa portuguesa tem
exagerado na manifestação de frequentes exibições de mediocridades e até na seu
dever de informar, optando muitas vezes por verdadeiras campanhas de difamação.
La
Voz de Galicia começa a sua extensa reportagem por elogiar a
prestigiante eleição de Mário Centeno, mas os nossos políticos e jornalistas preferiram
criticá-lo por pedir bilhetes para o futebol, num país em que as tribunas dos
estádios estão sempre cheias de políticos de vários partidos. Se o
comportamento da imprensa não fosse tão patético, até dava para sorrir.