Hoje os
portugueses vão votar para escolher os deputados que os representarão no
Parlamento e esse é um privilégio do regime democrático em que vivemos desde
1974, coisa que os mais jovens eleitores por vezes desconhecem.
São diversas as
forças políticas concorrentes e a campanha eleitoral foi esclarecedora, com
muitos debates e uma intensa cobertura mediática, que por vezes até foi
excessiva, repetitiva e muito cansativa.
Não faltaram as
sondagens a mostrar como se reparte o eleitorado, mas a evidenciar um país
dividido entre duas figuras políticas que aspiram à chefia do próximo governo,
mais do que entre modelos de governação ou entre opções ideológicas. A clubite
partidária tem muita força e os eleitores tendem a seguir as suas crenças
emocionais em desfavor de princípios ou de uma racionalidade operacional. Está tudo em aberto e
a margem de erro das sondagens não permitem prognosticar quem serão os vencedores, embora
permitam prever que há sérios riscos de ingovernabilidade nos tempos mais
próximos.
Hoje lá irei
cumprir o meu dever cívico, do qual não abdico, até porque sou do tempo da "longa noite" em que
não havia eleições, nem partidos, nem quaisquer hipóteses de opções políticas. Porém, o nosso sistema
eleitoral precisa de ser revisto, porque é altamente provável que eu nunca
saiba qual o deputado que me vai representar, isto é, o Parlamento vai encher-se uma
vez mais de figuras partidárias que ninguém conhece e que não têm qualquer
afinidade com o voto dos eleitores sem partido. Os deputados são propriedade exclusiva dos partidos e não são, como deveriam ser, representantes dos eleitores de Beja
ou Vila Real, de Ponta Delgada ou do Funchal. Nos sistemas anglo-saxónicos os
eleitores sabem sempre quem é o seu deputado, mas no nosso sistema isso não é
possível.
Como eu gostava de saber quem é o meu deputado!