A brutalidade da
notícia correu mundo e esta manhã ocupa as manchetes da generalidade dos
jornais: um Boeing 777-200 da Malaysia Airways com 298 ocupantes despenhou-se
sobre a região oriental da Ucrânia, onde desde há alguns meses se verificam
combates entre o exército ucraniano e os separatistas pró-russos. Era o voo
MH17 e o avião voava de Amsterdão para Kuala Lumpur.
Ninguém parece
ter dúvidas de que o avião foi abatido por um míssil terra-ar, embora cada um
dos contendores que se defrontam no terreno acuse o outro por este grave acontecimento que, para além da
perda de muitas vítimas inocentes, viola todas as regras da boa convivência internacional
e da passagem inofensiva de aeronaves comerciais. O que ainda se está para
saber não é apenas quem disparou o míssil, mas também se esse disparo foi
acidental ou propositado e, neste caso, porquê. Obviamente que esta tragédia
está relacionada com a situação de guerra que se vive na região e que,
aparentemente, tem aumentado de intensidade com a maior intervenção das tropas
ucranianas, com a maior organização das forças separatistas da auto-proclamada
República Popular de Donetsk e com o eventual envolvimento directo de tropas e
armamento russos. Embora os dirigentes russos, as autoridades ucranianas e os
poderes ocidentais sejam prudentes nas interpretações e acusações que estão a
fazer quanto ao que se passou, é evidente que todos eles têm responsabilidades pela situação a que se
chegou. Não se compreende porque se encontram e se abraçam ou porque falam ao telefone e
sorriem, não sendo depois capazes de resolver estes imbróglios, não só na
Ucrânia, mas também noutros países onde não há paz. A Humanidade merecia outros dirigentes.