quinta-feira, 10 de maio de 2018

Adeus a Dhlakama e paz em Moçambique

As imagens das cerimónias fúnebres de Afonso Dhlakama realizadas na cidade da Beira são, ao mesmo tempo, um sinal de profunda consternação pela morte de um combatente, mas são também uma afirmação de sentimentos democráticos e, ainda, de respeito por um adversário político. Moçambique está de luto porque em democracia, governo e oposição são as duas faces da mesma moeda.
O desaparecimento de Dhlakama é uma grande perda para Moçambique, porque se tratava de um homem empenhado na paz e na democracia, que soube lutar com coerência pelos seus ideais e que por eles preferiu o desconforto da serra da Gorongosa, ao conforto dos salões ou das avenidas ajardinadas de Maputo.
O governo moçambicano homenageou o seu maior adversário político com merecidas honras de Estado e o discurso do presidente Filipe Nyusi soube enaltecer o homem com quem discutiu a paz e a reconciliação nacional, mas o que mais se salientou nas cerimónias fúnebres terá sido a grande manifestação popular que uniu milhares de moçambicanos neste triste acontecimento.
O jornal O País destacou na sua primeira página essa multidão que disse adeus a Afonso Dhlakama. Agora cumpre aos seus sucessores e aos dirigentes da Frelimo continuar o seu trabalho por uma paz duradoura, pela coesão nacional e pelo progresso económico e social, honrando a memória e os contributos do presidente da Renamo.
Viva Moçambique!

Donald continua a desafiar a estabilidade

No dia 14 de Julho de 2015, depois de longas negociações, foi assinado um acordo internacional sobre o programa nuclear do Irão que ficou conhecido como Plano de Acção Conjunto Global ou Joint Comprehensive Plan of Action ou, mais simplesmente, por JCPOA.
Esse acordo, que foi assinado pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, mais a Alemanha e a União Europeia, limitava o programa nuclear que a República Islâmica do Irão então desenvolvia e entregava à Agência Internacional de Energia Atómica a responsabilidade pela monitorização do acordo.
Depois de décadas de tensão e de ameaças de confronto, o JCPOA abriu caminho para uma nova era no relacionamento internacional e mostrou o valor da diplomacia e da cooperação, levando ao restabelecimento de um clima de confiança em relação ao Irão, o que fez com que muitos investimentos e muitos negócios para lá convergissem.
Até que veio o Donald e, contra a opinião de todos os signatários do acordo, decidiu denunciá-lo, à semelhança do que já fizera com os Acordos de Paris sobre as alterações climáticas de 2016. Como sempre acontece nas suas controversas decisões, mas neste caso pressionado por Israel, o Donald afirmou ter provas de que o Irão não está a cumprir os termos do acordo e que continua a ser o principal patrocinador do terror no mundo.  
Hassan Rouhani, o presidente do Irão, anunciou de imediato que a república islâmica permanecerá no acordo nuclear com os outros cinco países e mostrou satisfação pela saída dos Estados Unidos que considerou um intruso.
O jornal Libération utiliza uma montagem fotográfica para ilustrar a situação e coloca Emmanuel Macron, Angela Merkel e Theresa May a desafiar o Donald que, segundo Barack Obama, acabou de cometer um erro histórico.  O facto é que o mundo parece muito preocupado com mais esta decisão do Donald, até porque a ala radical do regime iraniano "quer acender o rastilho deixado pelo Ronald".