segunda-feira, 25 de março de 2024

Os portugueses orgulham-se do 25 de Abril

Na sua edição de hoje, o jornal Público divulga as primeiras conclusões de um estudo académico sobre as atitudes face ao 25 de Abril de 1974, que tem por base um inquérito por questionário que foi dirigido à população portuguesa.
O estudo conclui que 50 anos depois do 25 de Abril de 1974, cerca de 69% dos portugueses fazem uma avaliação muito positiva do legado desse “dia inicial, inteiro e limpo”, com a particularidade dos jovens dos 16 aos 24 anos serem o grupo etário com maior índice de aprovação, que é de cerca de 76%. Depois, há cerca de 24% de portugueses que consideram que o 25 de Abril teve tanto de positivo como de negativo e, finalmente, há cerca de 7% de portugueses que entendem que o 25 de Abril foi mais negativo do que positivo, isto é, os portugueses têm uma diversidade de atitudes em relação àquele histórico acontecimento que, em si mesma, é a expressão da Liberdade que o 25 de Abril lhes proporcionou.
A comparação entre o que se passava em Portugal antes e depois do 25 de Abril de 1974, mostra que, para os portugueses, a Saúde e a Educação foram as áreas que mais melhoraram, mas que também melhoraram muito a Habitação, a Economia, a Integração Regional, a Igualdade Social e até a Justiça, enquanto mais de dois terços dos portugueses acham que a corrupção piorou depois de 1974.
A Democracia que, depois de 48 anos de Ditadura, foi reconquistada pelos portugueses através do 25 de Abril, está a cumprir 50 anos de vida e está viva, como mostrou o inquérito antes referido, tendo sido o ideal inspirador da chamada “terceira vaga da democratização europeia” que chegou à Grécia em 1974 e à Espanha em 1975.

O massacre de Moscovo e o comentariado

Poucos dias depois das eleições presidenciais russas que confirmaram Vladimir Putin no poder, o terror regressou a Moscovo na passada sexta-feira quando um grupo armado de armas automáticas, granadas e bombas incendiárias atacou o Crocus City Hall, o maior teatro da cidade, pouco antes do início de um espectáculo e quando na sala se encontravam alguns milhares de pessoas. Tratou-se de um ataque terrorista de grande violência, de que resultaram 137 mortos e 182 feridos, entre homens, mulheres e crianças. Três dias depois deste massacre de civis inocentes, de que resultou um generalizado envio de condolências às autoridades russas, o enigma persiste quanto à autoria deste massacre, apesar de ter sido reivindicado pelo Isis-K (Islamic State Khorasan), o ramo afegão do Estado Islâmico.
Nos jornais internacionais surgiram as mais diversas interpretações sobre esta acção e o jornal francês Libération refere “o regresso do Estado Islâmico”, embora a questão de se saber quem planeou e apoiou esta acção esteja a gerar alguma controvérsia, com os russos a procurar implicar a Ucrânia nesta acção, eventualmente para justificar acções retaliatórias no contexto da guerra que estão a travar. O aparelho de propaganda russa entrou imediatamente em acção no sentido de mobilizar a seu favor a opinião pública nacional e internacional, através da desvalorização do jihadismo afegão e da repetida insinuação da cumplicidade ucraniana nesta acção terrorista.
O facto é que o Estado Islâmico (ISIS) foi declarado derrotado em 2019 e expulso da Síria e do Iraque, depois de uma campanha militar que até coligou russos e americanos, mas também alguns países europeus e árabes, mas em boa verdade não foi eliminado e reapareceu em Moscovo. Curiosamente, alguns dos nossos comentadores televisivos são tão vesgos e tão fanáticos, que até acusaram Putin de ser o autor do massacre de Moscovo, isto é, quando o mundo ainda procura saber o que se passou, já o comentariado lusitano se tinha apressado a avançar explicações e a identificar responsáveis.