Poucos dias
depois das eleições presidenciais russas que confirmaram Vladimir Putin no
poder, o terror regressou a Moscovo na passada sexta-feira quando um grupo
armado de armas automáticas, granadas e bombas incendiárias atacou o Crocus City Hall, o maior teatro da
cidade, pouco antes do início de um espectáculo e quando na sala se encontravam
alguns milhares de pessoas. Tratou-se de um ataque terrorista de grande
violência, de que resultaram 137 mortos e 182 feridos, entre homens, mulheres e
crianças. Três dias depois deste massacre de civis inocentes, de que resultou
um generalizado envio de condolências às autoridades russas, o enigma persiste
quanto à autoria deste massacre, apesar de ter sido reivindicado pelo Isis-K (Islamic State Khorasan), o ramo afegão
do Estado Islâmico.
Nos jornais
internacionais surgiram as mais diversas interpretações sobre esta acção e o
jornal francês Libération refere “o regresso do Estado Islâmico”, embora a
questão de se saber quem planeou e apoiou esta acção esteja a gerar alguma
controvérsia, com os russos a procurar implicar a Ucrânia nesta acção,
eventualmente para justificar acções retaliatórias no contexto da guerra que estão
a travar. O aparelho de propaganda russa entrou imediatamente em acção no
sentido de mobilizar a seu favor a opinião pública nacional e internacional,
através da desvalorização do jihadismo afegão e da repetida insinuação da cumplicidade
ucraniana nesta acção terrorista.
O facto é que o
Estado Islâmico (ISIS) foi declarado derrotado em 2019 e expulso da Síria e do
Iraque, depois de uma campanha militar que até coligou russos e americanos, mas
também alguns países europeus e árabes, mas em boa verdade não foi eliminado e
reapareceu em Moscovo. Curiosamente, alguns dos nossos comentadores televisivos
são tão vesgos e tão fanáticos, que até acusaram Putin de ser o autor do
massacre de Moscovo, isto é, quando o mundo ainda procura saber o que se passou,
já o comentariado lusitano se tinha apressado a avançar explicações e a identificar responsáveis.
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