Na complexa
situação que se vive na Síria, resultante de uma desastrada intervenção
ocidental que decidiu apoiar todas as forças que lutam contra o presidente
Bashar el Assad, aconteceram nos últimos dias alguns acontecimentos relevantes.
A Turquia que até agora mantivera uma atitude de hostilidade para com o regime
sírio e de tolerância ou mesmo apoio ao Estado Islâmico (ISIS ou Daesh), parece
ter alterado a sua posição.
No início da
semana um homem-bomba fez-se explodir no meio de uma manifestação de estudantes
curdos em Suruç, próximo da fronteira turca, matando 32 pessoas. As
autoridades turcas de imediato acusaram o Daesh. Dias depois, um grupo de elementos do Daesh
atacou um posto fronteiriço turco, provocando a morte de um oficial e alguns
feridos. O governo turco reagiu a estas provocações jihadistas e decidiu impor
a sua autoridade na fronteira, onde vinha “fechando os olhos” às actividades do
grupo extremista no seu território. O seu envolvimento no conflito, depois de
cinco anos de não intervenção directa, é a resposta aos receios de que o
jihadismo do Daesh entre pelos seus 900 quilómetros de fronteira. Assim, o
governo turco tomou a decisão de autorizar a coligação liderada pelos Estados
Unidos a utilizar a base aérea de Incirlik no sul do país e, ao mesmo tempo, as
forças armadas turcas atacaram o Daesh. Três aviões de combate F–16 turcos
atacaram as suas posições em Kilis, junto à fronteira com a Síria, tendo sido
anunciada a morte de 35 militantes jihadistas. Foi a primeira operação do
género lançada pelo governo de Ancara e a imprensa turca, caso do diário Milliyet,
deu-lhe grande destaque a mostrar que a Turquia começa a estar preocupada com o que se passa junto das suas fronteiras e passou a ter um papel mais
activo nesta guerra.