Depois de terem
estado encerradas durante 107 dias, as fronteiras entre Portugal e Espanha
foram ontem reabertas com a simbólica presença das principais autoridades
políticas de ambos os países, isto é, o Rei Filipe VI e o presidente Marcelo
Rebelo de Sousa e os primeiros-ministros António Costa e Pedro Sánchez. Longe
vão os tempos em que se dizia que “de Espanha nem bom vento, nem bom
casamento”. Agora de Espanha vem o turismo e o recrudescimento da actividade económica,
mas a imprensa tratou este assunto de forma desigual, pois enquanto a
generalidade da imprensa portuguesa, apenas com duas excepções, não assinalou
este acontecimento, muitos jornais espanhóis publicaram a fotografia das quatro
entidades que estiveram na fronteira Elvas/Badajoz, a revelar quão importante
foi a reabertura das fronteiras e este reencontro ibérico. De resto, bastou ver
a satisfação ou mesmo a euforia com que Valença do Minho recebeu os seus
vizinhos galegos, para vermos como a abertura das fronteitras pode ser uma boa
alavanca para a recuperação económica do país e é, seguramente, um sinal de
esperança nestes tempos de incerteza.
É realmente
lamentável o provincianismo de uma boa parte da imprensa portuguesa que ontem
destacava a demissão dos treinadores de futebol do Benfica e do Braga, o cartão
de cidadão que demora cinco meses a ser entregue ou que o vírus destruiu 192
mil empregos. Sobre a TAP ou sobre a abertura das fronteiras, muito pouco.