quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Por la unidad de España

O movimento autonómico catalão não arrefece, apesar dos estudos que vão aparecendo e que parecem mostrar que a independência da Catalunha se traduziria por um acentuado retrocesso económico e por um fiasco financeiro. O debate está lançado, mas acumulam-se as vozes que o consideram inoportuno. Por um lado, os efeitos desta discussão podem contagiar outras regiões autónomas espanholas e, por outro, a Espanha já atravessa demasiados e complexos problemas, não sendo desejável que entre numa espiral de instabilidade política.
Mariano Rajoy, o presidente do governo espanhol, já tomou posição inequívoca sobre o assunto: "Me he comprometido a hacer guardar la Constitución y las leyes". Porém, o Rei Juan Carlos também decidiu falar e tomou a iniciativa de fazer uma chamada de atenção à consciência da nação, através de uma mensagem real inédita que fez publicar na página web da Casa Real, recentemente criada. Segundo a imprensa espanhola, os destinatários da mensagem real seriam os governos autónomos independentistas, todos os partidos políticos e as forças sociais que podem encher as ruas com manifestações e greves gerais e, ainda, todos os que possam contribuir para um “otoño caliente”. No actual contexto político, a mensagem do Rei foi considerada determinante, não só porque pairam nuvens sombrias sobre o futuro da Europa e da Espanha, mas também porque está em causa “o bem-estar que tanto nos custou a alcançar”. Foi um real apelo à unidade, tendo a imprensa espanhola destacado alguns passos da mensagem real, como por exemplo os seguintes:
        - “O pior que podemos fazer é dividir forças, encorajar dissidências, perseguir quimeras, aprofundar feridas”.
        - “Só ultrapassaremos as dificuldades actuais actuando unidos, caminhando juntos, unindo as nossas vozes, remando no mesmo sentido”. 
        - Venceremos com o trabalho, o esforço, o mérito, a generosidade, o diálogo e o sacrifício dos interesses particulares face ao interesse geral”.

Não é preciso ser-se monárquico para apreciar este toque a reunir. Aqui no rectângulo não há toques deste tipo e parece que a embarcação está à deriva.

Portugal e Brasil: relações fortes

A cidade de Lisboa está engalanada com bandeiras e pendões que anunciam os espectáculos que, entre os dias 21 e 23 de Setembro, vão animar o Terreiro do Paço na abertura do "Ano do Brasil em Portugal", onde se inclui um concerto por Ney Matogrosso. Este evento enquadra-se no programa Ano de Portugal no Brasil – Brasil em Portugal, que foi acordado na X Cimeira luso-brasileira realizada em Lisboa no dia 19 de Maio de 2010, entre o primeiro-ministro português José Sócrates e o presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva e que irá decorrer entre 7 de Setembro de 2012 (Dia da Independência do Brasil) e 10 de Junho de 2013 (Dia de Portugal). Trata-se de um vasto conjunto de iniciativas concebidas como oportunidades para actualizar as imagens recíprocas, através da promoção das culturas e da intensificação das relações económicas de ambos os países, celebrando as suas ligações históricas e culturais com um vasto programa que também terá uma componente económica, empresarial e tecnológica. Nos próximos dez meses, período em que serão promovidas actividades simultâneas em Portugal e no Brasil, os dois países pretendem mudar a imagem que cada um guarda do outro: Portugal quer que os brasileiros saibam que, para além da tradição, os portugueses vivem a modernidade, enquanto o Brasil quer que os portugueses conheçam a sua diversidade cultural. O programa anunciado para os próximos meses inclui muitas dezenas de iniciativas, incluindo eventos nas áreas da música, teatro, dança, circo, cinema, documentários, exposições, seminários, palestras, workshops, literatura, fotografia e gastronomia. Só temos que estar atentos ao que o Brasil nos vai oferecer aqui nos próximos meses.

É necessário reciclar os deputados

Num ambiente de crise política e económica inicia-se hoje o ano parlamentar e, portanto, é uma boa oportunidade para alguns comentários, como de resto faz hoje o jornal Negócios, ao informar que “metade dos deputados acumula funções com o privado”.
O problema não é novo e, já no ano passado, tinha sido afirmado que o Parlamento “tem sido o centro de corrupção em Portugal”, que era uma megacentral de negócios, que 1/3 dos deputados tinha negócios com o Estado e que "parece mais um verdadeiro escritório de representações, com membros da comissão de obras públicas que trabalham para construtores e da comissão de saúde que trabalham para laboratórios médicos”. Ninguém negou isto. Lamentavelmente, os deputados até parecem que estão ao serviço de quem os financiou e não de quem os elegeu. Como diz o povo, é uma pouca vergonha.

Um ano depois as coisas não se alteraram. O Parlamento mudou de gente e hoje vemos as bancadas com demasiados deputados-cassetes, sem experiência nem ideias próprias, arrogantes e impertinentes, mas que têm um bom emprego. De facto, a remuneração média dos representantes dos poderes legislativo e executivo passou de 5.605,5 euros em Outubro de 2011, para 5.686,6 euros em Abril deste ano, significando que deputados e governantes estão a receber mais 81 euros por mês do que recebiam em 2011. Em tempo de dificuldade e aperto, dá que pensar. E o povo não gosta.

Nas actuais condições de grande nervosismo por que passa a sociedade portuguesa é preciso fazer uma grande reviravolta no Parlamento e uma verdadeira reciclagem aos deputados.  É necessária uma redução do seu número para não mais de uma centena; o corte das muitas mordomias de que usufruem; a mudança do regime de incompatibilidades; a revisão do seu estatuto, a começar pela deputada-Presidente, que foi reformada aos 42 anos de idade sem se saber porquê e com uma pensão antecipada que é um fardo para os contribuintes. Tudo isto é indispensável para vencer a crise. E que gastem menos, e que tenham vergonha, e que não sejam motivo de chacota, e que mereçam o nosso respeito.