quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Um gigante dos mares em doca seca

O diário Le Télégramme que se publica em Lorient destaca na capa da sua edição de hoje uma fotografia do Emma Maersk, um navio porta-contentores dinamarquês que com os seus 398 metros de comprimento e 56 metros de boca, é um dos maiores navios do mundo.
O navio foi construido em 2006 nos estaleiros da Odense Steel Shhipyard, na Dinamarca, desloca 170 mil toneladas, tem 16 metros de calado e pode transportar 15 mil contentores de 20 pés. O seu proprietário é o grupo A. P. Moller-Maersk e o navio está empenhado nas viagens entre o norte da Europa e os portos do sueste asiático e da costa da China, sobretudo Singapura, Hong Kong e Shangai. Dispõe das mais modernas tecnologias para navegação e manuseamento de cargas e, embora disponha de alojamento para 30 pessoas, tem uma tripulação de 13 pessoas apenas!
A pintura do casco do Emma Maersk é uma curiosidade, pois utiliza um produto à base de silicone que reduz a resistência da água e permite uma poupança de cerca de 1,2 milhões de litros de combustível por ano e, pela necessidade de renovar essa pintura, o navio entrou esta semana na doca seca nº 3 dos estaleiros Damen de Brest para uma breve operação de limpeza e pintura do casco. A imprensa local rejubilou porque os estaleiros Damen provaram ser capazes de tratar os maiores navios do mundo. É caso para perguntarmos o que aconteceu por cá com a Lisnave, a Setenave, os ENVC e, naturalmente, com as nossas enormes potencialidades no domínio da construção e da reparação naval.

A paz mundial está muito ameaçada

Embora haja notícias a revelar que há muita gente que procura a paz na martirizada Síria, o facto é que a guerra prossegue no terreno. Diz-se que as forças de Bashar al-Assad recuperam posições e que a oposição síria e o ISIS ou Daesh perdem terreno, enquanto Allepo e muitas outras cidades sírias estão destruidas, havendo milhões de refugiados que procuram a Europa. Nos espaços aéreos da região cruzam-se aviões de muitas origens, que não apenas russos, americanos, franceses, ingleses, canadianos, turcos, sauditas e outros, todos a reclamar acções contra o Daesh. Agora são os holandeses a entrar neste teatro que mais parece um treino de guerra aérea preparatório de qualquer coisa que possa vir a acontecer no futuro, do que uma acção coordenada para fazer frente a uma ameaça comum.
Os turcos são muito suspeitos como suporte logístico do Daesh e têm aproveitado a ocasião para se lançarem sobre os curdos e para atacar as suas pretensões independentistas. Agora desafiam os sauditas para lançarem uma ofensiva comum contra as forças de Bashar al-Assad e para uma invasão do território sírio, ao mesmo tempo que os russos e os iranianos já anunciaram que reagirão com firmeza a essa iniciativa. Nunca se falou tanto numa terceira guerra mundial e, na edição de hoje do Le Figaro, o jornal destaca os bombardeamentos da Turquia aos curdos e da Rússia à oposição síria, o que mostra que cada qual ataca indirectamente o seu adversário principal e que a Rússia e a Turquia estão cada vez mais em rota de colisão.
Estamos realmente perante um problema muito sério que perturba e ameaça a paz mundial e, porque tudo isto acontece desde há cinco anos, não é difícil encontrar os grandes responsáveis por esta enorme calamidade, pois muitos deles continuam instalados no poder em vários países.