As eleições presidenciais realizaram-se ontem e 60,7% dos eleitores portugueses renovaram o mandato de Marcelo Rebelo de Sousa, o que significa que reconheceram mérito na forma como se conduziu como Presidente da República Portuguesa nos últimos cinco anos. Tem sido sempre assim desde 1974, isto é, o presidente em exercício sempre renovou o seu mandato e este ano não se esperava outra coisa.
A vitória foi expressiva e não deixa qualquer margem para dúvidas, devendo assinalar-se que a campanha eleitoral decorreu sem casos e em boa ordem democrática, mas os comentadores tratarão de fazer as suas análises nos próximos dias.
Por mais cinco anos, Marcelo Rebelo de Sousa vai ser o Presidente de todos os portugueses, mesmo daqueles que não votaram nele. O desafio vai agora ser bem mais difícil porque continuamos sem saber como vai evoluir a crise pandémica que se transformou numa grave crise sanitária, económica e social, nem sabemos como resistirá o governo ao desgaste provocado por um tão prolongado combate à pandemia, muitas vezes sob a crítica e a incompreensão dos seus adversários políticos que, mesmo sob o temporal, não lhe dão tréguas.
Marcelo Rebelo de Sousa tem o apoio dos portugueses, é inteligente, culto e cosmopolita, mas o estilo marcelista é demasiado populista e de calculismo nos afectos, o que não é do meu agrado, tal como a sua ânsia de ser visto e admirado por toda a gente. Tem vivido obcecado com a sua imagem e cheguei a temer que o seu excessivo apego aos microfones e às câmaras, que encheu horas de telejornais, provocasse fenómenos de rejeição, porque por vezes o povo farta-se. Porém, o povo não se fartou e deu-lhe um expressivo voto de confiança.
Pois que seja feliz e nos ajude a vencer a grave situação que o país atravessa.