quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

O ben-u-ron, a dor de cabeça e a Mona Lisa

A Publicidade é uma técnica de comunicação que codifica ideias e as transmite para o espaço público, para influenciar o comportamento do público, ou de uma parte dele, levando-o a adquirir um bem ou um serviço, a adoptar uma determinada opinião e, até, a escolher o candidato em que deve depositar o seu voto. No complexo mundo da comunicação, a codificação das mensagens publicitárias é uma arte em que a imaginação é essencial para que o receptor distinga e reconheça umas mensagens mais interessantes do que outras. Por isso, os anunciantes procuram mostrar que o seu produto lava mais branco ou anda mais rápido, que a sua viagem é mais confortável, que ninguém lhe oferece melhores condições de crédito ou que o seu candidato é o melhor. Nesta corrida para ganhar a preferência dos consumidores, dos utentes, dos leitores, dos telespectadores, dos sócios ou dos eleitores, a mensagem publicitária recorre à criatividade, mas muitas vezes é mentirosa e manipuladora, pelo que nos surpreende cada vez menos. A sua função traduz-se muitas vezes por um modelo simplificado, o chamado modelo AIDA, isto é, pretende chamar a atenção, despertar o interesse, suscitar o desejo e levar à aquisição, mas os exageros dos publicitários por vezes não despertam o interesse e até provocam a rejeição da mensagem.
Tudo isto vem a propósito do anúncio da bene farmacêutica, Lda, a filial portuguesa da companhia alemã bene-Arzneimittel GmbH que, para vender o ben-u-ron – que existe em todas as casas portuguesas – até conseguiu pôr a Mona Lisa ou Gioconda, a obra-prima de Leonardo da Vinci, com dores de cabeça ou enxaqueca e a suspirar por um ben-u-ron.
Trata-se, realmente, de uma ideia muito criativa e que não atenta com nenhuma das regras do código deontológico da Publicidade.

A crise da aviação à sombra dos Pirinéus

Um pequeno jornal regional de nome L’Éclair des Pyrénées, que se publica na cidade francesa de Pau, na região Pyrénées-Atlantique, destaca na sua edição de hoje que há “dezenas e dezenas de aviões de todo o mundo” no aeroporto de Tarbes, que está transformado num enorme parque de estacionamento, enquanto se espera que o tráfego aéreo mundial regresse à normalidade.
A fotografia que ilustra aquela notícia de primeira página mostra dois aviões da TAP estacionados entre muitos outros, sendo visíveis num segundo plano as montanhas nevadas da cordilheira dos Pirinéus. Os dois aviões "abandonados" junto das montanhas pirenaicas, são uma das expressões da grave crise que atravessa a transportadora aérea nacional. 
Os aviões estão à guarda da empresa Tarmac Aerosave, que é a maior empresa europeia que se dedica a esta actividade, mas com a crise causada pela pandemia do covid-19, a empresa viu aumentar a procura dos seus espaços que já existiam em Tarbes (Pyrénées-Atlantique), em Teruel (Espanha) e em Toulouse (Occitânia), abrindo um novo estacionamento em Vatry (Marne). A empresa presta serviços de armazenagem e guarda dos aviões, assegura a sua manutenção, protege os seus sistemas electrónicos mais sensíveis, isto é, o avião não fica abandonado e mantém-se capaz de voar a todo o momento. 
Actualmente, a empresa guarda 230 aviões nos seus quatro estacionamentos mas, segundo é referido na notícia do L’Éclair des Pyrénées, há uma longa lista de aviões e de companhias aéreas em espera. Porém, se necessário, a empresa também assegura a reciclagem dos aparelhos e há a convicção de que muitos dos aviões guardados pela Tarmac Aerosave não voltarão a voar.