sábado, 17 de julho de 2021

Angola na presidência da CPLP até 2023

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é uma organização internacional criada em 17 de Julho de 1996 pelos países lusófonos e tem por objectivo o aprofundamento da amizade e da cooperação entre os seus membros. Dela fazem parte, como membros fundadores, os estados de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné -Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, a que se juntaram Timor-Leste em 2002 e a Guiné Equatorial em 2014. Para além dos seus membros efectivos, a CPLP tem dezanove observadores associados e há cerca de uma dezena e meia de países que manifestaram interesse em aderir. A sede da CPLP é em Lisboa, mas a sua presidência é rotativa.
O surgimento da CPLP gerou muitas expectativas, mas depois de mais de vinte anos de existência, ainda não se afirmou no plano internacional, nem mesmo entre os seus membros, pois para alguns já se foi longe demais, enquanto para outros pouco se fez no plano da cooperação. Uma das vertentes em que mais se progrediu, embora com avanços e recuos, foi no plano desportivo através dos Jogos da Lusofonia que se realizaram em Macau (2006), Portugal (2009) e Goa (2014). Porém, a candidatura de Moçambique para organizar os Jogos da Lusofonia em 2017 foi cancelada e, agora, espera-se pela realização dos Jogos em Luanda.
Entretanto está a realizar-se em Luanda a XIII Conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, na qual Angola sucedeu a Cabo Verde e assumiu pela primeira vez a presidência. Em tempo de pandemia e de crise generalizada, as expectativas não podem ser altas, mas pode ser que o Presidente João Lourenço aproveite a oportunidade para deixar o seu nome ligado a uma nova vida da CPLP, incluindo a adopção do português como a sétima língua oficial das Nações Unidas.

Trotinetas, bicicletas e desordem urbana

O diário parisiense Le Figaro destaca na sua edição de hoje o sugestivo título “Trottinettes, vélos… Le grand désordre urbain” que, obviamente, nos sugere comparações com o que se está a passar na cidade de Lisboa. Lá como cá, estamos reféns da aldeia global e das suas modas. O que acontece em Paris, seja uma novidade boa ou má, depressa chega a Lisboa, onde as chamadas mobilidades suaves invadiram o espaço público, as ruas e as calçadas, “ameaçando” os transeuntes pouco habituados às habilidades destas novos “donos da cidade”. As autoridades municipais trataram de facilitar a vida a estes utentes de bicicletas e de trotinetas eléctricas, prejudicando automobilistas e peões, a quem foram retirados espaço e segurança. Com o tempo de Verão, as mobilidades suaves reapareceram numa escala preocupante, com utilizadores indisciplinados que actuam sem regras, que assumem prioridades ilegítimas e comportamentos agressivos, como se tivessem adquirido todos os direitos do mundo. A convivência não é pacífica e tende a ser conflitual entre todos os utentes do espaço público mas, como refere Le Figaro, são eles que “forçam o caminho, causam quedas e todos os dias mandam algumas dezenas de feridos para os hospitais”, embora “sejam frequentemente acidentes menores”. Porém, o jornal francês também indica alguns acidentes mortais, resultantes de atropelamentos e de quedas.
Em Lisboa, os peões têm a sua segurança ameaçada por bicicletas e trotinetas eléctricas, havendo todos os sinais referenciados pelo Le Figaro, mas desconhecemos se há ou não há peões atropelados, colisões com automóveis ou despiste de trotinetas, nem se há ou não há “todos os dias pessoas nas urgências hospitalares acidentadas por trotinetas eléctricas”, como sucede em Paris. 
Em Paris é “le grand désordre urbain”, mas em Lisboa quem poderá travar esta ameaça que nos é feita diariamente pela gente das mobilidades suaves?