sábado, 17 de julho de 2021

Trotinetas, bicicletas e desordem urbana

O diário parisiense Le Figaro destaca na sua edição de hoje o sugestivo título “Trottinettes, vélos… Le grand désordre urbain” que, obviamente, nos sugere comparações com o que se está a passar na cidade de Lisboa. Lá como cá, estamos reféns da aldeia global e das suas modas. O que acontece em Paris, seja uma novidade boa ou má, depressa chega a Lisboa, onde as chamadas mobilidades suaves invadiram o espaço público, as ruas e as calçadas, “ameaçando” os transeuntes pouco habituados às habilidades destas novos “donos da cidade”. As autoridades municipais trataram de facilitar a vida a estes utentes de bicicletas e de trotinetas eléctricas, prejudicando automobilistas e peões, a quem foram retirados espaço e segurança. Com o tempo de Verão, as mobilidades suaves reapareceram numa escala preocupante, com utilizadores indisciplinados que actuam sem regras, que assumem prioridades ilegítimas e comportamentos agressivos, como se tivessem adquirido todos os direitos do mundo. A convivência não é pacífica e tende a ser conflitual entre todos os utentes do espaço público mas, como refere Le Figaro, são eles que “forçam o caminho, causam quedas e todos os dias mandam algumas dezenas de feridos para os hospitais”, embora “sejam frequentemente acidentes menores”. Porém, o jornal francês também indica alguns acidentes mortais, resultantes de atropelamentos e de quedas.
Em Lisboa, os peões têm a sua segurança ameaçada por bicicletas e trotinetas eléctricas, havendo todos os sinais referenciados pelo Le Figaro, mas desconhecemos se há ou não há peões atropelados, colisões com automóveis ou despiste de trotinetas, nem se há ou não há “todos os dias pessoas nas urgências hospitalares acidentadas por trotinetas eléctricas”, como sucede em Paris. 
Em Paris é “le grand désordre urbain”, mas em Lisboa quem poderá travar esta ameaça que nos é feita diariamente pela gente das mobilidades suaves?

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