O diário
parisiense Le Figaro destaca na sua edição de hoje o sugestivo título “Trottinettes, vélos… Le grand désordre
urbain” que, obviamente, nos sugere comparações com o que se está a passar
na cidade de Lisboa. Lá como cá, estamos reféns da aldeia global e das suas modas. O que acontece em Paris, seja uma
novidade boa ou má, depressa chega a Lisboa, onde as chamadas mobilidades
suaves invadiram o espaço público, as ruas e as calçadas, “ameaçando” os
transeuntes pouco habituados às habilidades destas novos “donos da cidade”. As
autoridades municipais trataram de facilitar a vida a estes utentes de
bicicletas e de trotinetas eléctricas, prejudicando automobilistas e peões, a
quem foram retirados espaço e segurança. Com o tempo de Verão, as mobilidades suaves
reapareceram numa escala preocupante, com utilizadores indisciplinados que actuam
sem regras, que assumem prioridades ilegítimas e comportamentos agressivos,
como se tivessem adquirido todos os direitos do mundo. A convivência não é pacífica
e tende a ser conflitual entre todos os utentes do espaço público mas, como
refere Le Figaro, são eles que “forçam o caminho, causam quedas e
todos os dias mandam algumas dezenas de feridos para os hospitais”, embora
“sejam frequentemente acidentes menores”. Porém, o jornal francês também indica
alguns acidentes mortais, resultantes de atropelamentos e de quedas.
Em Lisboa, os
peões têm a sua segurança ameaçada por bicicletas e trotinetas eléctricas, havendo
todos os sinais referenciados pelo Le Figaro, mas desconhecemos se há
ou não há peões atropelados, colisões com automóveis ou despiste de trotinetas,
nem se há ou não há “todos os dias pessoas nas urgências hospitalares
acidentadas por trotinetas eléctricas”, como sucede em Paris.
Em Paris é “le grand désordre urbain”, mas em Lisboa
quem poderá travar esta ameaça que nos é feita diariamente pela gente das mobilidades suaves?
Sem comentários:
Enviar um comentário