sábado, 15 de abril de 2023

Lula recoloca o Brasil no palco mundial

O presidente Lula da Silva está em visita à República Popular da China e essa visita significa o regresso do Brasil ao patamar mais elevado das relações internacionais, um lugar que lhe é devido e de que estivera afastado durante o mandato de Jair Bolsonaro. Desde que assumiu a presidência da República Federativa do Brasil, o presidente Lula da Silva começou por visitar a Argentina e o Uruguai, seguiu-se uma visita aos Estados Unidos e agora à China, a que se seguirá uma visita a Portugal. Trata-se de uma itinerância inteligente que, em menos de quatro meses, ressuscitou o prestígio internacional do Brasil.
Sabe-se como o Brasil está dividido emocional e politicamente, mas sabe-se também como são enormes as dificuldades para unir o país, mas os primeiros cem dias de Lula da Silva já mudaram a sua imagem, como mostra a sua actual viagem à China, embora não tenha tido, até agora, grande destaque na imprensa brasileira. A excepção é a edição de hoje do jornal O Globo do Rio de Janeiro, que dedica uma fotografia a toda a largura da sua primeira página à visita que se iniciou em Shangai, onde Lula da Silva participou na cerimónia de posse da ex-presidente Dilma Rousseff como presidente do Banco dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e South Africa). Depois seguiu-se Pequim, com uma recepção entusiástica, as reuniões com o presidente Xi Jinping e os inúmeros encontros sectoriais dos visitantes brasileiros com os seus homónimos chineses de que resultou a assinatura de quinze acordos de cooperação.
Lula declarou que “temos interesse em construir uma nova geopolítica” e que “ninguém vai proibir” o Brasil de o fazer. Sobre a guerra na Ucrânia que continua a pressionar alinhamentos geopolíticos e económicos em torno das grandes potências mundiais, Lula da Silva mostrou que tem uma política externa autónoma do Ocidente e dos Estados Unidos e que o Brasil se move apenas pelos seus próprios interesses, tendo salientado que os Estados Unidos devem deixar de encorajar a guerra e que a Europa deve passar a falar mais de paz.
Para aqueles que no Brasil ou no exterior tinham dúvidas, embora envolvida em polémica, aí está a prova do enorme prestígio e independência de Luiz Inácio Lula da Silva.