O presidente Lula
da Silva está em visita à República Popular da China e essa visita significa o
regresso do Brasil ao patamar mais elevado das relações internacionais, um
lugar que lhe é devido e de que estivera afastado durante o mandato de Jair
Bolsonaro. Desde que assumiu a presidência da República Federativa do Brasil, o
presidente Lula da Silva começou por visitar a Argentina e o Uruguai, seguiu-se
uma visita aos Estados Unidos e agora à China, a que se seguirá uma visita a Portugal.
Trata-se de uma itinerância inteligente que, em menos de quatro meses,
ressuscitou o prestígio internacional do Brasil.
Sabe-se como o
Brasil está dividido emocional e politicamente, mas sabe-se também como são
enormes as dificuldades para unir o país, mas os primeiros cem dias de Lula da
Silva já mudaram a sua imagem, como mostra a sua actual viagem à China, embora não
tenha tido, até agora, grande destaque na imprensa brasileira. A excepção é a
edição de hoje do jornal O Globo do Rio de Janeiro, que dedica
uma fotografia a toda a largura da sua primeira página à visita que se iniciou
em Shangai, onde Lula da Silva participou na cerimónia de posse da
ex-presidente Dilma Rousseff como presidente do Banco dos BRICS (Brasil,
Rússia, Índia, China e South Africa). Depois seguiu-se Pequim, com uma recepção
entusiástica, as reuniões com o presidente Xi Jinping e os inúmeros encontros
sectoriais dos visitantes brasileiros com os seus homónimos chineses de que
resultou a assinatura de quinze acordos de cooperação.
Lula declarou que
“temos interesse em construir uma nova geopolítica” e que “ninguém vai proibir”
o Brasil de o fazer. Sobre a guerra na Ucrânia que continua a pressionar
alinhamentos geopolíticos e económicos em torno das grandes potências mundiais,
Lula da Silva mostrou que tem uma política externa autónoma do Ocidente e dos Estados
Unidos e que o Brasil se move apenas pelos seus próprios interesses, tendo
salientado que os Estados Unidos devem deixar de encorajar a guerra e que a
Europa deve passar a falar mais de paz.
Para aqueles que
no Brasil ou no exterior tinham dúvidas, embora envolvida em polémica, aí está a prova do enorme prestígio e
independência de Luiz Inácio Lula da Silva.
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