Donald Trump e
Vladimir Putin conversaram ontem por telefone e, entre outros assuntos,
trataram da guerra na Ucrânia que o presidente americano tem dito, repetidas
vezes, que não se teria iniciado se ele
estivesse na Casa Branca e que seria capaz de lhe pôr fim, apenas com uma
chamada telefónica para Putin e
para Zelensky.
Qualquer destas afirmações devem ser entendidas
como metáforas, mas o facto é que Trump e Putin conversaram ontem e que essa
conversa pode ter aberto o caminho ao fim da guerra na Ucrânia.
Depois
de mais de dez anos de conflito e de quase três anos de guerra, de milhares de
mortos, de incontáveis fornecimentos de armamento e de uma intensa propaganda
destinada a iludir as opiniões públicas com a ideia de que alguém podia vencer a
guerra, Donald Trump veio atirar uma pedrada no charco e falou com Putin, como
era desejável, pois pode ser o início de um período de maior contenção mundial.
Dessa
conversa que “foi longa e muito produtiva”, resultou que “as negociações sobre
a guerra na Ucrânia vão começar imediatamente” e que ambos concordaram em
“visitarmo-nos nos nossos países”. Trump falou depois com Volodymyr Zelensky, a quem terá anunciado que a
adesão à NATO “não era realista” e que as fronteiras de 2014, com a Crimeia e o
Donbass, seriam para esquecer. Os falcões europeus foram completamente desautorizados
e ficaram mudos, enquanto Zelensky parece ter sido posto de lado e estará agora a pensar como tem sido enganado. A imprensa internacional
ainda mostra prudência no acolhimento das propostas de Trump, embora o jornal Público
publique uma fotografia de arquivo na primeira página da sua edição de hoje, em
que Trump e Putin sorriem como se já estivessem a negociar.
Os
líderes europeus, bem como os nossos comentadores alinhados, estão
desorientados porque não queriam a paz e nunca deixaram de exigir mais e mais
armamento. Porém, tudo parece caminhar no sentido da paz e não no sentido que
muitos deles vaticinaram. Vamos esperar para ver...