Desde o dia 24 de
Fevereiro que, em relação à invasão russa da Ucrânia, temos aqui defendido um
cessar-fogo sob a égide das Nações Unidas, que conduza a negociações e à paz.
Diversos mediadores juntaram as partes em confronto, trocaram-se prisioneiros e foram abertos corredores humanitários, mas como disse um ministro turco “há alguns
países no seio da NATO que querem que a guerra na Ucrânia continue”, porque
isso enfraquece e humilha a Rússia, mas também porque alimenta a indústria americana
do armamento, nomeadamente a Lockeed Martin, a Raytheon Technologies, a General
Dynamics e outros grandes tubarões. Há também quem defenda que a guerra só pode
acabar com a derrota da Rússia como responsável pela invasão, mas há outros países que não escondem que se
deve evitar humilhar a Rússia, até porque os lobos enfurecidos tendem a morder
mais e ninguém pode ignorar as ameaças nucleares russas. Enquanto isto e depois
de várias derrotas em Kiev e Kharkiv, a Rússia terá conseguido a sua primeira
vitória em Mariupol. Assim, as duas partes já têm algumas vitórias registadas,
pelo que poderão estar reunidas as condições para que russos e ucranianos ouçam
os mediadores e se sentem à mesa de negociações, sem que se apresentem na
condição de derrotados.
Porém, já foram
acumuladas tantas provocações, insultos e acusações que, na sua última edição,
o Courrier
international pergunta se a paz ainda é possível. Sem ser especialista,
atrevo-me a dizer que a paz tem que ser possível, porque a alternativa à paz é
sempre catastrófica, não só para a Ucrânia e para os ucranianos, mas também
para a Europa e até para o mundo.
Entretanto, já há
muita gente a quem a dor ucraniana pouco interessa e que recorre à famosa análise
SWOT, tratando a guerra como uma oportunidade
e procurando posicionar-se para fazer negócios no futuro.