No passado dia 29
de Janeiro escrevemos que “a Ucrânia está em pé de guerra” e citamos Leonid
Kravchuk, o primeiro presidente do país desde a independência conquistada à
URSS em 1991, que afirmou que a Ucrânia está “à beira de uma guerra civil”, em
consequência do confronto entre as autoridades e os opositores ao regime do
Presidente Victor Yanukovich.
De facto, após várias
semanas de calma, a cidade de Kiev voltou ontem a ser palco de violentos
confrontos entre os oposicionistas e as forças de segurança, tendo estas
acabado por recorrer a blindados e canhões de água contra os manifestantes
concentrados na Praça da Independência, enquanto os oposicionistas ripostaram
com cocktails molotov e petardos.
Leonid Kravchuk parece que tinha toda a razão, como agora se vê nas trágicas imagens
de violência e de destruição que nos chegam de Kiev, ao mesmo tempo que são
anunciadas 26 mortes e mais de quatro centenas de feridos. A generalidade dos
jornais europeus inserem fotografias dos confrontos e dos incêndios a mostrar a
luta política na sua forma mais cruel mas, provavelmente, a mais eloquente de
todas as fotografias é aquela que é hoje publicada pelo diário espanhol ABC.
A comunidade internacional e em especial a União Europeia, os Estados Unidos e
a Rússia, têm lançado repetidos apelos à trégua e ao diálogo para que seja travada a onda de violência
que se instalou no país e para que haja negociações, mas o cenário de
uma guerra civil às portas da Europa é uma realidade, a fazer lembrar o que se passou na antiga Jugoslávia ou o que está a acontecer na Síria.