quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Um mercado da arte que surpreende

A leiloeira Christie’s vendeu em Nova Iorque, após cerca de seis minutos de intensa licitação, ou “feroz licitação” como se lhe referiu a BBC, um tríptico do pintor britânico Francis Bacon que foi arrematado por 142,4 milhões de dólares (106 milhões de euros), transformando-se na obra de arte mais cara do mundo. O preço pago pela obra intitulada "Três estudos de Lucian Freud" supera o preço pago pelo quadro "O Grito", do artista norueguês Edvard Munch, que atingiu 119,9 milhões de dólares (89,1 milhões de euros), num leilão organizado pela Sotheby’s em Maio de 2012. Como é habitual nestes casos, o nome do comprador permanece em segredo. Este leilão constituiu um caso surpreendente de dinamismo do mercado internacional da arte e, por isso, diversos jornais espanhóis e franceses destacaram essa notícia.
Apesar da crise mundial, o mercado da arte continua a revelar-se muito atractivo para os coleccionadores e para os investidores, sobretudo em relação à arte do século XX que tem dominado o mercado e registado os preços mais elevados, designadamente nos domínios do impressionismo, da arte moderna e da arte do período pós-guerra. No que respeita aos compradores, que até há pouco tempo eram americanos e europeus, o mercado regista agora a chegada de chineses, russos e indianos, o que também tem contribuido para o seu dinamismo. Assim, calcula-se que o mercado internacional da arte movimente anualmente cerca de 43 mil milhões de euros, o que representa cerca de 25% do PIB português. Por cá, embora tenhamos uma escala completamente diferente e haver quem se esteja a "desfazer dos anéis", o mercado da arte está como o resto, isto é, sem andamento que se veja.

Haja quem mande calar o Barroso e o FMI

Na sua imensa sabedoria o povo diz que “quem muito se abaixa mostra o rabo” e na realidade, muito do que de catastrófico nos está a ser imposto resulta de uma excessiva passividade das nossas autoridades face às exigências dos credores, dos alemães e da troika. As recentes palavras de Barroso e os recados do FMI vão nesse sentido e demonstram o nível de submissão a que nos deixamos chegar. Ouvimos e calamos. Sem reacção. Com cobardia. Ao fim de 30 meses de austeridade e de acentuada degradação da situação económica e social, está à vista o monumental falhanço das políticas impostas pela troika que servilmente têm sido por cá adoptadas, ao mesmo tempo que se acentua a pressão com que nos humilham e que fere a nossa dignidade nacional. Nem a Espanha, nem a Itália, nem a Grécia ou a Irlanda, alguma vez aceitaram este tipo de humilhante relação que nos envergonha e que os nossos dirigentes aceitam sem pestanejar. As contínuas pressões de Merkel, Lagarde ou de Barroso são inaceitáveis e são intromissões intoleráveis na nossa soberania, mesmo que esta esteja diminuida. É preciso dizer-lhes para se calarem. Que queremos ser respeitados no quadro do projecto de solidariedade europeia. A nossa história tem altos e baixos, mas poucas vezes foi tão maltratada. É preciso ser muito claro: o Primeiro-Ministro e o Presidente da República são os maiores responsáveis pela humilhante situação por que passamos, ao alinharem na política do bom aluno que aplica uma austeridade desproporcionada e que, em vez de protegerem os portugueses como é seu dever em resultado do voto que receberam, têm contribuido para o empobrecimento do nosso país, para a destruição do tecido económico, para a degradação da vida social e para a destruição da esperança em dias melhores. Já lá vão 30 meses desde que nos disseram que nada disto nos aconteceria. Vejam o que sucedeu e tomem as devidas consequências. A bem da Nação.