terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Kobe Bryant e o mundo do desporto


A notícia apareceu ontem com grande destaque no Los Angeles Times e em muitos outros jornais americanos, canadianos, ingleses, espanhóis, italianos, belgas, brasileiros, australianos e de muitos mais países, anunciando que Kobe Bryant tinha morrido num acidente de helicóptero. 
Eu não sabia quem era Kobe Bryant porque não acompanho a NBA, nem o basquetebol americano, mas com a extensão desta homenagem fiquei realmente convencido da minha ignorância, pelo menos no que respeita ao basquetebol internacional. Os títulos dos jornais chamam-lhe lenda, eterno e imortal, enquanto a fotografia de Kobe ocupa a primeira página de inúmeros jornais de referência e vem mostrar que o desporto e os seus protagonistas têm mais peso nas opiniões públicas do que os políticos, os cientistas ou os grandes empresários. Hoje, se Winston Churchill, Wernher von Braun ou Henri Ford fossem vivos, teriam menos notoriedade que os Federer, os Ronaldos e os Kobe. 
Há que reconhecer que, depois de se ter transformado numa poderosa indústria e num campo em que os homens e os grupos mostram as suas rivalidades, o desporto está catapultado agora para um nível demasiado alto da vida das comunidades. Este caso do respeitável basquetebolista Kobe Bryant é tão significativo como as longas horas que as televisões dedicam ao futebol, isto é, a comunicação social esqueceu o lema básico do desporto - mens sana in corpore sano – para tratar da indústria e do espectáculo, bem como dos seus agentes e das suas gentes.
Como escreveu Camões, "todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades".

A evocação do horror de Auschwitz


Ontem, no antigo campo de concentração de Auschwitz que simboliza como nenhum outro a vergonha do Holocausto, foi evocado o 75º aniversário da sua libertação pelas tropas soviéticas que entraram no campo no dia 27 de Janeiro de 1945.
Este campo situado no sul da Polónia foi construído pelo Terceiro Reich e foi o maior de todos quantos foram feitos pelo regime nazi para liquidar os seus inimigos, sobretudo os judeus, dispondo de vários campos-satélite, entre os quais o campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, onde morreu mais de um milhão de pessoas nas câmaras de gás ou pela fome. Os horrores de Auschwitz têm sido divulgados pelos meios de comunicação e, em 1989, o chanceler Helmut Kohl declarou que “Auschwitz era o capítulo mais sombrio e mais horrível da história alemã”, mas parece que as novas gerações, nomeadamente na própria Alemanha, ignoram o que foi aquele campo de morte.
De resto, o reconhecimento internacional dos horrores de Auschwitz foram tardios, pois só em 2002 a Unesco declarou as ruínas de Auschwitz-Birkenau como Património da Humanidade e só em 2005 a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou a data da libertação do campo como o Dia Internacional da Lembrança do Holocausto.
Ontem, cerca de duzentos sobreviventes de Auschwitz estiveram no local de onde foram libertados no dia 27 de Janeiro de 1945 e, simbolicamente, usaram a boina listada que os identificava como prisioneiros ou como condenados à morte. Com eles estiveram muitos chefes de Estado e de Governo. Hoje, The Times, mas também The Wall Street Journal, El País e The Daily Telegraph publicam a fotografia de Igor Malckij, o prisioneiro 188.005 de Auschwitz e o que se pode dizer é, simplesmente, que uma imagem vale mais do que mil palavras.